O que é preciso para aprender

Texto publicado no dia 19 de fevereiro de 2021 no Jornal de Candelária

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Tenho duas cachorrinhas que reinam absolutas aqui em casa. Beily, nossa “filha-cã” mais velha, já é uma senhora de uns nove anos de idade. Lola, a caçulinha, não tem um ano. Beily, é aberta ao diálogo canino com todas as pessoas e cachorros que transitam pela rua onde moramos, é muito carinhosa e, com o passar dos anos, tornou-se tranquila. Lola, no entanto, além de ser cheia de energia, é de uma curiosidade sem fim. Em tudo ela mete o nariz, literalmente. Lola carrega tudo que encontra, explora, brinca, descobre. Aos olhos humanos, ela é uma destruidora. Na sua percepção canina, é puro desejo de brincar e aprender. Crianças de todas as espécies são assim, curiosas e investigadoras.

Curiosidade é uma característica natural, mas é especialmente potente na infância. Quando somos pequenos, o mundo (ainda que este seja a nossa casa) é um lugar repleto de desafios e possibilidades de grandes descobertas. Crianças podem passar horas desvendando os mistérios de um grampo de roupas, explorando os sons de uma colher batendo em panelas e potinhos, preparando lindos bolinhos de terra e areia para suas bonecas.

Crianças aprendem porque são curiosas. Não necessitam de um tablet, ou de brinquedos caros, para aprender. Elas aprendem através das investigações que desenvolvem para desvendar e compreender o mundo à sua volta. Brincar com objetos concretos para é fundamental para os pequenos aprendam.

Há quem pense que, por vivermos num mundo inundado em virtualidades, não se deva privar as crianças do universo virtual, pois isso atravancaria seu aprendizado. Acredite, as crianças aprenderão a usar todo o tipo de tela e tecnologia a seu tempo, os adultos não precisam antecipar isso. No entanto, nem toda a criança aprenderá a descascar uma fruta, se não lhe oferecerem frutas e se não houver um adulto com paciência para mostrar-lhe o caminho e deixar que se lambuze.

Todos os aprendizados, independente da idade que temos, nascem da curiosidade, do desejo e da capacidade que temos de explorar e analisar aquele objeto ou situação. Mas, só se torna aprendido, de fato, aquilo que faz sentido para nós. O que não faz sentido, vai afastando-se do nosso desejo e deixamos de lado. Que possamos dar valor a tudo que produz sentido, o diálogo, o tempo compartilhado, as brincadeiras, as experiências vividas individual e coletivamente.

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