Quando temos um filho nossa vida muda de rota. Não importa se a gravidez foi planejada ou não, foi desejada ou não, se a criança que chega é parecida com a criança sonhada, ou muito diferente dos sonhos alimentados pelos pais. Um filho sempre muda a rota, muda quem somos, cria uma nova realidade. Uma criança faz nascer consigo pai, mãe, tios, primos e avós. Mesmo quando o filho cresce e sai de casa, ou por alguma razão que foge à cronologia esperada, parte para outros planos astrais, a vida não será como antes.
A vida não dá marcha à ré, a história não se repete. O já vivido deveria nos ensinar a acertar melhor, ou ao menos, a tropeçar diferente. Mas, aprendizagem é uma experiência pessoal e intransferível. Aprendemos por necessidade ou por desejo. Ser mãe é diferente de gestar um bebê, ser mãe é se jogar na aventura de aprender com as novas experiências que a vida nos coloca.
A mãe que sou hoje é completamente diferente da mãe que iniciou esse percurso. Quando meu primeiro filho nasceu, nunca imaginei compartilhar com ele um Brasil negacionista da ciência e da sua própria história, jamais poderia imaginar viver com ele, em seus anos de juventude, tão intensa partilha do tempo, por conta de uma pandemia mundial.
Quando meu segundo filho nasceu, jamais imaginei que aquele bebê grandão e bagunceiro dentro do ventre nasceria com uma lesão encefálica, que passaríamos meses e inúmeras datas festivas dentro de um hospital e que, quando tudo isso se tornasse “tranquilo”, por termos aprendido a replanejar as rotas da vida, ele partisse para outro plano astral.
Não dá pra planejar tudo na vida, nem para garantir que nossos planos se cumpram conforme o planejado. Mas dá, para aprender com toda experiência vivida, tenha sido ela planejada ou não. A vida está sempre a nos ensinar, mas é preciso querer aprender.
Faz um ano que vivemos tempos nebulosos no Brasil. A vida como era antes não voltará, ela está no passado. O normal agora é o que criarmos daqui pra frente, com os aprendizados deste momento. Pela frente só temos o futuro, um futuro que vamos ter que construir juntos. É bem importante estarmos vivos, se quisermos construir um amanhã possível para nossos filhos, sobrinhos e netos, ou para os filhos, sobrinhos e netos de nossos amigos. Para estarmos vivos lá, é preciso acolher a realidade como ela está e fazer o que precisa ser feito. Use máscara. Sempre que puder, fique em casa. Evite lugares fechados. Não se coloque em situação de risco. Valorize a vida. Faça o tema de casa e aprenda a lição. #sepuderfiqueemcasa.