A comercialização da safra de tabaco 2021/2022 deve começar na próxima segunda-feira (22), puxada pela China Brasil e Universal Leaf Tabacos. Algumas fumageiras devem começar mais tarde, mas ainda devem realizar a compra no final do ano, um fato incomum, pois tradicionalmente a venda da produção se inicia em janeiro.
Carlos Loewe, coordenador de mutualidade da Afubra, acredita que essa antecipação se deve a dois fatores: O primeiro é a ausência de estoque das fumageiras, o segundo é o medo de não cumprir os contratos de exportação estabelecidos. “A redução anual do número de fumicultores e de área cultivada intensifica o receio das empresas”, afirma.
Contudo, se essa compra será apenas para repor os estoques ou se seguirá sem interrupções até o final da safra ainda é um mistério. “A tendência é que o produtor venda conforme for classificando a sua produção”, detalha Loewe.
IMPACTO NO COMÉRCIO- No entanto, se espera que a compra antecipada impacte de forma positiva no comércio que, naturalmente aquecido por conta do fim do ano, ainda contará com o dinheiro proveniente da produção de tabaco, que continua como um dos pilares econômicos do município.
Outro fator que coloca dúvidas sobre o quão impactante será essa compra antecipada é o fato de que a pesquisa de preços realizada junto às fumageiras pela Afubra em parceria com sindicatos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ainda não foi concluída. Segundo Loewe, uma das reivindicações dos produtores junto com os sindicatos é a volta de uma tabela de preços unificada para o tabaco.
QUANDO VENDER- Para quem deseja vender a sua produção logo no início, mas tem receio de ficar no prejuízo, o coordenador de mutualidade da Afubra explica que se o custo de produção ultrapassar o que foi estipulado pelas fumageiras, o produtor será reembolsado posteriormente. A expectativa de Loewe é que para a comercialização da safra 21/22, é necessário que a pesquisa de preços unificada traga valorização no momento da venda. No entanto, isso dificilmente deve compensar o aumento dos insumos. Portanto, mesmo com maior valor de comercialização, a safra deve ser menos lucrativa para o produtor.
Afubra estima redução na safra
O que já era esperado por Loewe foi confirmado oficialmente pela Afubra na semana passada. A associação finalizou sua primeira estimativa para a safra de tabaco 2021/2022 na semana passada: 569.539 toneladas, nos três estados do Sul do Brasil, o que significa uma redução de 9,38% comparado à safra passada, que fechou em 628.489 toneladas. Em termos de área, houve uma redução de 9,78%, passando de 273.317 hectares para 243.590 hectares, nesta safra. Já a expectativa de produtividade é de 2.310 quilos por hectare; na safra passada, ficou em 2.299 quilos por hectare.
Os números de cada município ainda não foram repassados às agências locais, mas Loewe prevê que para Candelária a queda seja de 10%, além de uma redução de 7% no número de associados – reflexo dos produtores que têm abandonado o cultivo do tabaco.
Em resposta às quedas contínuas no cultivo do tabaco, a Afubra tem intensificado suas orientações a respeito da diversificação de culturas, no entanto, para alguns produtores, o tabaco continua sendo a única alternativa. “O tabaco é a cultura mais viável financeiramente para quem tem poucas terras. Enquanto não surgir outra cultura, é a única opção”, finaliza Loewe.