Candelária cai cinco posições entre os maiores produtores de tabaco sul-brasileiros

Êxodo rural e encarecimento de insumos geram previsão de nova queda para o próximo ano

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De acordo com dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a produção de tabaco no Rio Grande do Sul na safra 2020/2021 chegou a 293.479 toneladas em uma área plantada de 123.138 ha. O número corresponde a 45,1% da produção total no sul do país (RS, SC e PR). Em comparação com a safra anterior a produção gaúcha teve um aumento de 16,5% (243.414). Embora a produção tenha aumentado, a participação de Candelária diminuiu consideravelmente. O município que no ano passado era o quarto maior produtor dos três estados do Sul do país, hoje ocupa a nona posição. Uma queda de cinco posições em apenas um ano.

Segundo o coordenador de mutualidade da Afubra Candelária, Carlos Loewe, o motivo da queda do município no ranking de produção está diretamente ligada ao êxodo rural. Enquanto os produtores mais velhos se aposentam, os jovens migram para a cidade, principalmente no trabalho em fábricas, que assegura um rendimento fixo e tem crescido no município. Enquanto no campo, uma safra com bom rendimento depende de diversos fatores fora de controle, como as condições climáticas. Apenas uma intempérie pode estragar o trabalho de um ano.

Mas não é apenas o granizo que tem o poder de influenciar a qualidade e quantidade de cada safras. A mudança climática dos últimos anos tornou necessário que os produtores adiantem cada vez mais o plantio para assegurar a qualidade do tabaco. “Nós dependemos bastante do clima. Se o clima não for favorável, a qualidade do produto não fica boa. Notamos que aqui na região o produtor constitui a sua lavoura cada vez mais cedo. Anos atrás, eles plantavam em agosto, hoje já tem se plantado em maio para evitar que durante o pico do calor, ele tenha sua produção na lavoura, conta o coordenador.

Além do êxodo rural, a migração para outras culturas tem se tornado bastante comum por influência do contínuo aumento no preço dos insumos e mão de obra, que torna o cultivo do tabaco cada vez menos lucrativo para o produtor. “O pessoal tem migrado cada vez mais para a soja, milho, gado e outros, porque de uns anos para cá as despesas subiram muito. Inclusive o preço da lenha voltou a disparar e a mão de obra encareceu”, contextualiza.

Previsão de nova queda para o próximo ano

Carlos Loewe projeta que as dificuldades da safra atual se acentuem ainda mais na próxima devido a um novo aumento no preço dos insumos. “Para essa safra em andamento, a despesa não vai ser tão grande, pois o produtor pegou os insumos com o preço da safra antiga. Mas na próxima safra, a produção irá ficar mais cara, pois o preço do insumo subiu bastante.

Esta nova alta torna a migração para outras culturas uma opção cada vez mais atrativa. Por conta dessas dificuldades, a previsão é de que este ano apresente mais uma queda tanto em área plantada quanto de famílias produtoras em torno de 7% a 8%. Algumas fumageiras já se preparam para uma redução acentuada em sua produção devido a desistência de seus colaboradores.

Com as sucessivas quedas, Candelária deve fechar o ano de 2022 com cerca de 2.800 famílias produtoras, enquanto no ano passado, possuía mais de 3.600 famílias na produção de tabaco. Mas essa diminuição não se aplica apenas a Candelária. Segundo Loewe, nos últimos 20 anos o número de associados da Afubra caiu pela metade, de 160 para 80 mil.

TOP 10 (SAFRA 2020/21)
Município Produção (ton.)
1º Canguçu – 19.054
2º S. João do Triunfo (PR) – 18.922
3º Venâncio Aires – 17.314
4º S. Lourenço do Sul – 16.456
5º Rio Azul (PR) – 15.898
6º Itaiópolis (SC) 14.415
7º Canoinhas (SC) – 12.811
8º Ipiranga (PR) – 12.072
9º Candelária – 11.776
10º Santa Cruz – 11.669

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