Redes sociais não são redes de amigos

Texto da colunista Léla Mayer, publicado na edição de 29 de maio de 2020 do Jornal de Candelária

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A chegada do coronavírus em terras brasileiras, impôs outros modos de cuidar, aprender, ensinar e de nos relacionarmos, com as pessoas e também com os objetos. Eu nunca havia pensado em usar máscara para ir às compras, nem em higienizar as compras do mercado antes de guarda-las. Quando ia ao mercado e sentia sede, pegava uma garrafinha de água e ia tomando, enquanto passeava com o carrinho. Agora, aguento a sede na saliva, encurto o tempo do passeio e higienizo tudinho antes de guardar na minha cozinha.

Nosso modo de viver mudou e não sabemos por quanto tempo a prática desses novos hábitos será necessária. Neste momento, acredito que será por tempo suficiente para que nos habituemos aos novos hábitos e eles se tornem o novo normal. Penso que ainda temos muito a aprender com esse bichinho e muito para readequar em nossas rotinas. E é melhor, para todos e cada um, que estes aprendizados sejam acomodados dentro de nós com alguma tranquilidade, que produzam o mínimo de sofrimento e alguma empatia.

Com a chegada das novas rotinas, as rodas de chimarrão, os encontros em família, os bate-papos com os amigos, passaram a acontecer com cada um do outro de alguma tela. Os abraços são virtuais, as aulas são virtuais, as demonstrações de afeto são virtuais, mas os afetos, esses são bem reais, sentimos no corpo aquilo que nos afeta, para o bem e para o mau. Por isso, é fundamental que cuidemos uns dos outros, para que possamos manter nossa saúde, física e mental, em dia.

Com a intensificação do convívio pelas redes sociais, mesmo para aqueles que sempre às evitaram e aqueles que delas haviam se afastado, a enxurrada de informações, de construções narrativas e de embate entre os que, por ingenuidade ou maldade, insistem em compartilhar informações falsas e alimentar discursos raivosos, e os que buscam enfrentar tudo isso com alguma lucidez, faz com que nossas redes tornem-se cada vez menos sociais.

Redes sociais não são redes de amigos, são apenas espaços sociais, espaços de convivência. E, como reuniões sociais, podem ser muito chatas. Eu, cada dia mais, evito aqueles eventos em que temos que fazer “a social”. Fazer a social é sempre engolir sapos, com um sorriso amarelo no rosto. Eu quero é uma rede de amigos. Meus amigos não precisam concordar comigo, mas eu espero, no mínimo, que me queiram bem, que me queiram viva, que queiram vivos os meus, os nossos. Nesse momento frágil, é importante alimentar as amizades que nos fortalecem, a imunidade agradece!! Cuide-se!! Cuide dos seus!! Cuide de todos!!

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