As pessoas não mudam, só melhoram o que são

Texto publicado no Jornal de Candelária de sexta-feira, 7 de agosto de 2020.

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Quando era criança, todo final de bimestre escolar (naquele tempo o ano letivo era dividido em bimestres), meu boletim vinha com a mesma advertência: “conversar menos em aula”. Não digo que eu fosse simplesmente tagarela, mas gostava de um bom papo, de falar e de ouvir.

Esta semana li o texto de uma amiga. Parei e li. Quantas vezes paramos e lemos na íntegra o que alguém escreveu? Quantas vezes na semana ligamos para um amigo, ou familiar, só para dizer um olá? Ou, no lugar de mensagens prontas, mandamos uma mensagem escrita ou falada, especialmente para aquela pessoa? Quantas vezes aquietamos o pensamento para jogar um jogo ou puxar uma conversa? O cuidado nunca foi tão necessário, mas estamos cuidando uns dos outros?

Em seu texto, minha amiga refletia sobre o que muito tem se falado, desde que esse bichinho coroado aportou por aqui. Dizem, que sairemos dessa experiência pandêmica pessoas melhores. Confesso que, assim como ela, penso que quem já era solidário seguirá sendo solidário. Mas, há uma grande chance de que, aqueles que eram egoístas, sigam sendo egoístas. Não é que eu pense que as pessoas não possam mudar, é que acredito que a gente só muda, quando tem um desejo verdadeiro de mudar.

Uma amiga da minha amiga lhe disse, certa vez, que “as pessoas não mudam, só melhoram o que são”. Neste sentido, melhorar o que se é, não é mudar, é tornar-se mais qualificado naquilo que já se é. Ou seja, para quem é solidário, é tornar-se mais solidário e, para os que são egoístas, é a oportunidade de se tornar ainda mais indiferente. Todos os dias, quando abrimos os olhos, recebemos inúmeras chances de múltiplos aprendizados, mas é preciso desejo para trocar, experimentar, vivenciar, dialogar e aprender.

Lendo aquelas palavras, lembrei de uma música belíssima, que se chama “Maior”, de autoria do Dani Black. Um trecho da letra da canção diz assim:
” Estamos existindo entre mistérios e silêncios/ Evoluindo a cada lua a cada sol/ Se era certo, ou se errei/ Se sou súdito, se sou rei/ Somente atento à voz do tempo saberei ? Eu sou maior, do que era antes/ E sou melhor, do que era ontem/ Eu sou filho do mistério e do silêncio/ Somente o tempo vai me revelar quem sou”

Penso, ouvindo essa canção, que somos todos potencialmente capazes de ser melhores do que já fomos, do que ainda somos, mas isso só acontecerá, se esse for um desejo verdadeiro, capaz de desacomodar e nos fazer andar diferente por velhos caminhos. Que o tempo possa nos revelar quem somos.

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