Um coração dividido entre a Bahia e a Noruega

Dona Roseli Friedrich é a mãe dos goleiros candelarienses Douglas e Ricardo Friedrich

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Roseli lida diariamente com a saudade dos filhos, que estão a milhares de quilômetros. Fotomontagem: Marcel Lovato/JC

Não existem limites para o amor de uma mãe. Disso,não há menor dúvidas. Assim, como é possível dizer que premissa é válida para todos os sentidos, inclusive o “geográfico”. A auxiliar de educação infantil, Roseli Friedrich, 54 anos, que o diga. Ela é a progenitora de dois dos principais representantes do esporte candelariense, os goleiros, Douglas e Ricardo Friedrich, 30 e 26 anos, respectivamente. Hoje em dia, os arqueiros atuam no Esporte Clube Bahia, em Salvador, e no FK Bodø Glimt, da cidade de Bodø, no extremo norte da Noruega. Neste caso, a viagem de avião dura 24 horas.

Roseli conta que há pelo menos 14 anos lida com a questão distância, pois os filhos saíram de casa ainda adolescentes, em busca do sonho de jogar futebol. Desde a infância, ela e o marido Jorge Friedrich incentivaram os garotos a praticarem o esporte, inclusive não manifestaram objeções por ambos escolherem a mesma profissão e, por coincidência, posição.

Aos poucos, eles se desenvolveram e a saída, à procura de melhores oportunidades, foi uma questão de tempo. No início, o coração ficou apertado por conta da aflição natural sobre como se comportariam longe da família, se conseguiriam suportar essa situação. Em consequência, os sonhos eram frequentes e, em alguns momentos, a saudade bateu forte.

Fases da comunicação

Antes, a comunicação entre mãe e filhos ocorria apenas por telefonemas esporádicos. Como não possuíam celulares e a tecnologia da época ainda era limitada – se comparada aos dias atuais – eles ficavam até um mês sem se falar. Outros fatores colaboraram para a demora no contato, especialmente quando Douglas e Ricardo jogavam no Irã e na Finlândia.

A indisponibilidade de meios e as regras rígidas para a comunicação  – no caso do país do Oriente Médio – contribuíram para o problema. Porém, Douglas e Ricardo se mudaram para outros lugares e o mundo tecnológico não tardou a evoluir com velocidade. Juntas, as situações proporcionaram que o contato acontecesse com mais frequência, por meio de alternativas contemporâneas e altamente disseminadas como as chamadas de vídeo pelo WhatsApp. Claro, quando estão de folga e livres para a conversa em família. A questão do fuso horário – são seis horas a mais na Noruega – não chega a ser um empecilho, mas influencia diretamente nesse costume.

Por conta dos compromissos profissionais, a reunião familiar acontece apenas uma vez ao ano, geralmente nas festas de final de ano. “A saudade é mais forte especialmente nas datas comemorativas. Porém, é um sentimento gostoso, de ver o progresso deles em suas respectivas carreiras. É a certeza de que a missão de educar foi bem cumprida”, salientou Roseli.

Acompanhamento

Ela garante que procura acompanhar os jogos de Douglas e Ricardo, embora seja mais fácil assistir ao desempenho do primeiro pelo fato de haver transmissão televisiva do Campeonato Brasileiro em diversas plataformas. Mesmo assim, sempre se dá um jeito de assistir aos lances da liga norueguesa, nem que seja os melhores momentos por meio do Youtube. O país não possui efetiva tradição no futebol, o que dificulta, de certa forma, a popularidade da competição nacional.

Mesmo assim, esse não é um motivo que diminua a felicidade estampada no rosto de dona Roseli, toda vez que se refere a qualquer coisa relacionada aos seus herdeiros.

Naturalmente, existe uma explicação para isso, definida da seguinte forma: “O que mais me orgulha é que em todos os momentos eles foram completamente gratos, recíprocos e reconheceram os esforços realizados lá atrás”, ressaltou visivelmente emocionada.

Filhos exaltam Roseli

Em contato com o JC pelo WhatsApp e Instagram, os filhos exaltaram a trajetória da nossa entrevistada. Diretamente de Bodø , Ricardo manifestou a satisfação ao tomar conhecimento da reportagem. Ele destacou que Roseli é merecedora de todas as homenagens possíveis por sempre ter batalhado para oferecer o melhor para ele e Douglas, mesmo diante das dificuldades, pois a família é de origem humilde. “Minha mãe é uma guerreira, tem um coração enorme e faz tudo com muita dedicação. Com nossa criação não foi diferente. Tenho muito orgulho e me sinto abençoado de ser filho da Dona Roseli. É uma heroína”, afirmou Ricardo.

O goleiro do FK Bodø Glimt salienta o incentivo permanente da matriarca dos Friedrich, com a celebração de todas as conquistas, mesmo separados por uma longa distância. “A mãe é a verdadeira representação da palavra amor. Tenho tanto para agradecer que uma vida inteira não é suficiente. Muito obrigado por tudo, Dona Roseli”, finalizou.

Por sua vez, Douglas sublinhou, inicialmente, as palavras do irmão. Contou também que a mãe tem uma linda história e atribuiu o sucesso conquistado por ele e seu irmão  ao suporte dado lá no começo de tudo. Além disso, relembrou a educação materna calcada em valores como honestidade, amizade e companheirismo.

“Dona Roseli, como uma verdadeira mulher de fibra, sempre nos ensinou a não baixarmos a cabeça diante das dificuldades, persistirmos e ultrapassarmos as barreiras. Isso tudo tem um valor inestimável”, define Douglas. O arqueiro do Bahia aproveitou a oportunidade e desejou um Feliz Dia das Mães às candelarienses.

Sobre ser mãe, Roseli fez questão de dizer que se trata do início de uma eterna mudança de vida. “A mulher que realmente abraça a maternidade vai sofrer e esboçar sorrisos juntos com os filhos, os defenderá enquanto tiver forças, estará, de alguma forma, presente pelo resto de suas vidas. “Os filhos são pedaços do coração da gente“, encerrou.

Confira também a outra matéria do nosso especial.

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