Produtores avaliam prejuízos após temporal

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Na localidade de Canhadão dos Moura, a intensidade do temporal causou danos irreversíveis às plantações. Fotos: Matheus Haetinger/JC

Dez dias após a passagem do temporal que atingiu boa parte do Vale do Rio Pardo, os prejuízos ainda são contabilizados. Os principais estragos foram registrados no interior dos municípios. Principal cultura da região, o tabaco foi arrasado pela chuva forte, acompanhada de ventania e granizo em larga escala.

Na propriedade da família Melchior, na localidade de Canhadão dos Moura, interior de Candelária, os 30 mil pés de tabaco foram praticamente perdidos. Segundo o agricultor Igor Melchior, a colheita da safra estava apenas no começo. Somente uma fornada havia saído da lavoura. As estruturas das duas estufas da propriedade também foram abaladas. Devido ao revés climático, a partir de agora, a expectativa fica por conta da cobertura do seguro, o que pode amenizar os danos. “A gente sabe que dificilmente o seguro chegará a 100%. Estimamos entre 20 e 30%, porém todo a ajuda é bem-vinda nesse momento”, salienta Igor.

As perdas na lavoura da família Melchior são frequentes. Entretanto, o tempo severo da noite do último dia 30 se diferenciou dos anteriores por conta da intensidade e comprometeu a renda para os próximos meses. A situação somente não é mais crítica porque são cultivados outros produtos como mandioca e batata. Cabeças de gado ajudam a complementar o orçamento.

Danos também em residências

Morador da mesma região, o fumicultor Edineu Loewe plantou 47 mil pés de tabaco nesta safra, distribuídos em três lavouras. Foram registrados estragos em duas delas. Em uma das plantações, a devastação impediu qualquer reaproveitamento do que havia sido transplantado.

Na lavoura, de fronte à sua residência, ainda será possível salvar parte da produção, ainda que já estava prevista uma drástica redução na qualidade das poucas plantas intactas. A colheita iniciaria no dia 1 de novembro, dois dias antes do temporal. Além da plantação, o granizo danificou parte da residência. Na tarde de segunda-feira (5), a reportagem constatou que os furos nas telhas da varanda eram do tamanho de uma bolinha de ping-pong.

Segunda Cultura

Como o tabaco é a única fonte de renda familiar, Edineu prevê dificuldades financeiras para os próximos meses. “Assim como os produtores vizinhos, vou aguardar os trâmites do seguro. Mesmo assim, sem a comer-cialização, vai ser preciso pensar em alternativas para honrar as contas”, lamenta. Ele admite que os eventos climáticos adversos desestimulam os investimentos na plantação de tabaco. Ao mesmo tempo, porém, salienta que pretende continuar com o fumo até formalizar a sua aposentadoria, pois está nesse ramo há muitos anos. Uma área maior para o feijão, segunda cultura semeada pela família, não é descartada.

Alternativas para minimizar o impacto climático

O coordenador de mutuali-dade da Associação dos Fumi-cultores do Brasil (Afubra) na região Centro Serra, Carlos Loewe, afirma que já são mais de 600 lavouras parcialmente ou totalmente destruídas pelo temporal da semana passada. Porém, esse número pode aumentar à medida que as equipes da entidade fazem o monitoramento da situação das propriedades. Se a lavoura sofreu poucos danos, a orientação da Afubra é para seguir com a colheita.

Em caso de perda total, a sugestão é dar atenção às culturas secundárias, se o produtor nelas investe. Os procedimentos referentes ao seguro terão início assim que for concluído o mapeamento da Afubra, o que deve ocorrer a partir da próxima semana. Um dos mais intensos dos últimos meses, o temporal da semana passada causou destruição por todo o Rio Grande do Sul. Na região do Vale do Rio Pardo, mais de nove mil lavouras de tabaco foram atingidas.

Além de Candelária, houve registro de graves ocorrências climáticas em municípios vizinhos como Santa Cruz do Sul, Vale do Sol, Vera Cruz, Novo Cabrais e Cerro Branco.

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