Ainda abalada com a perda prematura e violenta do filho mais velho, Evani Kolbe, recebeu a reportagem do JC na casa da família, na Rua Roberto Kochenborger. Ela fez questão de mostrar a moradia, e a parte que era território do filho Carlos José Kolbe, de 27 anos. Tudo limpo e organizado, como ele deixou na noite de quinta-feira, véspera de feriado, ao sair para se divertir com os amigos.
Ele teria saído a pé até o Centro da cidade, deixou a motocicleta em casa, uma de suas paixões, com receio que fosse parado pela Brigada Militar, pois teria trocado o cano de descarga, colocado “um mais barulhento”, como conta a mãe do rapaz. Evani afirmou que o filho era uma pessoa maravilhosa, honrada e trabalhadora, atuava como frentista há mais de dois anos no Posto Lago Azul.
Ela acredita que o filho tenha perdido o controle, após apanhar sem fazer nada. “Ele reagiu a uma agressão pelas costas. Carlos não era de briga, jamais. Era camarada, inclusive dos policiais militares, onde tinha muitos amigos, pois frequentemente abastecia as viaturas no posto. Os PMs tinham o maior carinho pelo meu filho. E tem mais, muitos (policiais), estão sofrendo calados a morte do Carlos, pois não podem se manifestar. Carlos sempre teve respeito pelos policiais”, ratifica.
Sobre a abordagem e o desfecho da ação da BM, Evani afirmou que a ação foi totalmente errônea. “Um desastre, nem parece que foram treinados para enfrentar essas situações. Onde já se viu matar uma pessoa desarmada e pelas costas. Senão estavam conseguindo contê-lo que chamassem reforço, mas não matassem meu filho.”, ressalta.
Por ironia, Carlos era sobrinho de um policial militar aposentado. “Sabemos que foi um policial que matou meu filho, mas queremos justiça. Eu não tenho medo da verdade, pois a honra de uma pessoa vale muito”. Evani contou que além de um filho amoroso, Carlos sempre fez questão de auxiliar com as despesas da casa, cerca de R$ 350,00 mensais de seu salário era destinado para auxiliar nos gastos da família.
Ela destacou que o filho não praticava nenhum tipo de luta, apenas fazia exercícios em casa, onde tinha uma academia improvisada. “Não sei o que fazer da minha vida, estou a base de medicamentos para suportar essa dor, que jamais vai passar. Esse policial estragou com a vida de toda a nossa família”, finalizou.
Entre as medidas adotadas pela família foi a contratação de um advogado criminalista, Cléber Prado, que atua em Santa Cruz do Sul. O advogado irá fazer o acompanhamento das investigações e fiscalizará a realização dos atos e diligências policiais na busca pelo descobrimento da verdade real dos fatos.