Em Candelária, o Setembro Amarelo será marcado por um pedágio de conscientização. Organizado pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), a abordagem está marcada para a próxima quinta-feira (12), a partir das 9h, na Avenida Pereira Rego, próximo ao Banrisul. Durante a atividade, voluntários vão entregar material informativo sobre sinais, sintomas e mitos a respeito do suicídio, além de explicações sobre como ajudar e encaminhar alguém que esteja convivendo com pensamentos de morte.
De acordo com a psicóloga e coordenadora do CAPS, Cristiane Pradella, o objetivo da ação é divulgar a importância da prevenção ao suicídio e, mais do que isso, da valorização da vida. “Queremos que todos sejam capazes de ouvir e perceber sinais de ideação ou, até mesmo, planejamento de suicídios”, disse. O pedágio também vai servir para divulgar o serviço realizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Pessoas que se sintam ameaçadas por elas mesmas podem entrar em contato pelo número 188 a qualquer hora e receberá o auxílio necessário de maneira gratuita.
EM CANDELÁRIA
O número de pessoas que cometem suicídios em Candelária é alarmante. Somente no primeiro semestre, foram sete casos. Durante todo o ano passado, 11 pessoas tiraram a própria vida. As informações foram repassadas pela Delegacia de Polícia Civil do município, responsável pela investigação de mortes violentas. Dos sete casos registrados neste ano, a maioria eram homens, com idade acima dos 40 anos e moradores de localidade do interior do município. Nenhum deles fazia acompanhamento no Caps.
No entanto, estudos promovidos pelo Ministério da Saúde apontam que o risco de suicídio é reduzido em até 14% em municípios com a presença de Caps. Por aqui, a coordenadora da unidade informa que toda a equipe está preparada para atender casos emergenciais de maneira imediata. Depois desse primeiro atendimento, a pessoa é acolhida e encaminhada para o acompanhamento adequado a cada situação. “Aqui dentro temos psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, terapeuta ocupacional, assistente social… todos a postos para avaliar a necessidade de internação ou somente observação até controlar aquela vontade. O importante é que ele não volta para casa sem estar bem”, explicou.
O passo seguinte é envolver a pessoa e a família em uma rede de apoio. Para isso, o Caps conta com terapia em grupo e individual, além de outras formas de tratamento. “A gente sempre se preocupa com a família, porque, quando um suicídio é consumado, eles são os sobreviventes e eles precisam de muita atenção nesse momento”, disse.
Para cada suicídio, estima-se que dez pessoas fiquem vulneráveis. O maior índice de tentativas é de mulheres. No entanto, o maior índice de consumação é de homens. A média de atendimentos no Caps de Candelária é de 1,4 mil pacientes por mês, de maneira que, a cada dia, cinco novos casos chegam até a unidade. “E depois que eles chegam até nós, o atendimento passa a ser contínuo”, comentou.
Saiba mais sobre o CVV
As ligações para prevenção de suicídios feitas para o Centro de Valorização da Vida (CVV) são gratuitas. O serviço é prestado por uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha com a prevenção por meio de voluntários, que dão apoio emocional a todas as pessoas que querem e precisam conversar. Os voluntários recebem tratamento adequado e não precisam ter formação em psicologia. Todas as ligações são sigilosas.
Programa Vida Sim mostra importância do valor à vida
O Caps, em uma parceria com a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), o Centro de Referência em Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), a Emater, a secretaria de Educação e a Sociedade Beneficente Hospital Candelária, está, desde junho, colocando em prática o programa Vida Sim.
O projeto tem como objetivo mapear o interior do município e os bairros da cidade para identificar espaços constituídos e, também, onde há necessidade de estabelecer um local de diálogo, para que seja feita uma capacitação de multiplicadores de informações sobre a importância da valorização da vida. “Queremos que sejam espalhadas informações sobre prevenção e, principalmente, dar motivos para que não haja o pensamento suicida”, explicou a psicóloga e coordenadora do Caps, Cristiane Pradella.
O programa Vida Sim, portanto, se propõe a visitar escolas, empresas, igrejas e outros lugares em que possam ser identificados potenciais suicidas. Segundo Cristiane, a preocupação maior é com crianças e adolescentes, devido à vulnerabilidade que a idade proporciona e a dificuldade de lidar com a frustração. “Mas é claro que pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer momento da vida em que ela sinta dor, sofrimento e isso se converta em um ato impulsivo”, disse.
Além da conscientização com a fala e o material informativo, o programa vai propor a realização de atividades saudáveis, que mostre a importância da vida de cada um, para ele e para os que o cercam.