No atual ritmo, obra da ERS-410 segue por ao menos 4 anos

Estimativa foi feita pelo professor de Engenharia Civil Leandro Olívio Nervis

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Trecho da ERS-410 sem pavimentação adequada causa transtornos Foto: Douglas Roehrs / JC

Boa parte dos leitores provavelmente nem havia nascido quando foi prometido que a estrada que liga Candelária, Rio Pardo e Cachoeira do Sul seria totalmente asfaltada. Décadas se passaram e, ainda hoje, a ERS-410 permanece em sua maior parte tomada por chão batido, buracos e transtornos.

Atualmente, o trecho conta com apenas 9 km de asfalto, em condição precária e sem sinalização adequada. Faltam 19 km para completar o percurso até o entroncamento do Bexiga.

No ano passado, o vice-governador Gabriel Souza e o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, anunciaram que a obra seria retomada ainda em 2024, com previsão de repasse mensal de R$ 1 milhão até o fim do ano. A partir de 2025, o valor subiria para R$ 2 milhões mensais, totalizando R$ 60 milhões de investimento. No entanto, em junho de 2025, a obra segue paralisada e o que a população recebeu não foi asfalto, mas uma nova promessa.

NOVA PROMESSA

Em encontro recente com autoridades de Candelária, o vice-governador Gabriel Souza afirmou que os trabalhos devem ser retomados em agosto, com repasse mensal de R$ 1,5 milhão — meio milhão a menos do que havia sido anunciado no ano anterior para o exercício de 2025.

Segundo o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino, o projeto passou por ajustes técnicos. Entre as mudanças, estão a substituição das pedras de rio por pedras de rachão, que oferecem mais resistência, e a troca do asfalto frio pelo asfalto quente, de maior durabilidade. Devido à mudança nos materiais, está sendo feito um recálculo orçamentário, e a obra deverá custar mais do que os R$ 60 milhões inicialmente anunciados.

PROFESSOR DE ENGENHARIA CIVIL DA UNISC FAZ PREVISÃO DE TÉRMINO

O JC conversou com Leandro Olívio Nervis, professor no curso de Engenharia Civil da Unisc, para ter uma estimativa de quando a obra ficaria pronta, caso realmente fosse seguido o cronograma atual. Para o professor, uma boa estimativa seria de quatro a seis anos.
Um fator positivo apontado por Nervis é a mudança para rachão, um material que é produzido por britagem e, por ser um agregado artificial, há mais garantia de que esteja disponível.

Um fator que pode causar atrasos é a duplicação da RSC-287. Com as duas obras em andamento ao mesmo tempo, os fornecedores podem ter indisponibilidade momentânea de material.

Além disso, a mudança de asfalto frio para quente impacta não apenas no preço, que fica mais elevado, mas também no tempo de execução. Esse tipo de asfalto precisa ser trabalhado numa temperatura de 160ºC e não pode ser colocado em dias com temperaturas inferiores a 10ºC. Todavia, Nervis pontua a qualidade superior do asfalto quente.

O professor também ressalta que teve acesso ao projeto original, de décadas atrás, através de um projeto de conclusão de curso. Nele, se tentou baixar o custo da obra ao oferecer uma solução alternativa usando os próprios solos do entorno, seja melhorado ou não com aditivos químicos como cal e cimento, mas se chegou à conclusão de que os solos desse local são muito ruins para utilização rodoviária.

Enquanto isso, quem trafega no local segue tendo problemas. “Hoje, pra nossa família, que viaja diariamente, tem um grande desgaste, tanto no combustível quanto na manutenção do maquinário que está nessas estradas”, diz Odilo Bernardy, que tem propriedade na localidade de Pinheiro e há 15 anos luta pela pavimentação da ERS-410.

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