
A morte de um bugio em uma propriedade localizada no Capão do Valo, interior de Candelária, colocou as autoridades de saúde do município em alerta. Ocorrido no último dia 21, o caso foi imediatamente notificado pelo morador à vigilância sanitária local. Embora ainda não haja confirmação, cujo resultado depende da análise do Laboratório Central de Porto Alegre (Lacen) e demora 30 dias, o óbito pode significar a efetiva circulação do vírus da Febre Amarela nos arredores do município. De acordo com enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Melissa Rathke, todo o estado do Rio Grande do Sul é considerado área de risco. Esse fator é preponderante para a realização de medidas preventivas.
Segundo o informativo mais recente da secretaria estadual da Saúde, divulgado na última semana, foram notificados 17 casos suspeitos no Rio Grande do Sul. São 13 descartados e 4 continuam em investigação. Como prevenir sempre é melhor que remediar, Melissa destaca que o momento se mostra propício para chamar a atenção dos candelarienses que não estão imunizados contra a doença. Boa parte da população não tomou a dose da vacina em campanhas anteriores, tanto da zona urbana quanto da rural.
Apesar da situação não ser alarmante até agora, a recomendação é que ocorra o comparecimento ao Pam Central. Segundo a enfermeira do setor de imunizações, a vacinação ocorre somente às quintas-feiras pela manhã, das 7h30 às 11h30 min. O procedimento acontece em apenas um dia porque o tempo de conservação da vacina é limitado. A dose é única, ou seja, vale para o resto da vida. Integrantes das faixas etárias compreendidas entre 9 meses e 59 anos devem ser imunizados. Quem tem acima de 60 anos somente pode fazer se houver prescrição médicas.
Macacos não devem ser eliminados
Na maior parte das vezes nas quais são registradas mortes de macacos na natureza, a simples aparição de um deles é sinônimo de preocupação. Esse receio, motivado principalmente pelo desconhecimento sobre a forma de transmissão da Febre Amarela, leva algumas pessoas a eliminar os animais. Entretanto, não é a maneira mais adequada de se proceder.
Segundo Melissa, a orientação é para que a vigilância sanitária sempre seja acionada quando bugios forem encontrados em aparente situação enferma. O órgão possui profissionais capacitados para lidar com esse tipo de caso. “Os bugios costumam viver em bandos, no alto das árvores e pulam de galho a galho. Quando são encontrados sozinhos e quietos no chão, possivelmente algo está errado”, destaca a enfermeira.
Casos de Leptospirose
Até o fechamento desta edição, cinco casos suspeitos de Leptospirose haviam sido notificados em Candelária. Exames laboratoriais apontaram positivo em dois deles. Como a doença foi detectada em tempo hábil, os pacientes iniciaram imediatamente o tratamento, que é feito com antibióticos e constante reidratação. O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Portanto, o cenário é muito diferente de Santa Cruz do Sul, onde há dezenas de registros.
A transmissão ocorre por meio do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados pela bactéria Leptospira. Essa exposição pode acontecer pela água e solo, além do consumo de alimentos contaminados. Os sintomas mais comuns são febre alta, dor de cabeça e muscular, calafrios e vômitos. Se a Leptospirose não for tratada, pode causar danos renais e hepáticos e o óbito.
Fique por dentro
>> Existem dois ciclos de transmissão. O Silvestre ocorre quando a infecção se dá pelos mosquitos vetores dos gêneros Haemagogus e Sabethes, cujo habitat natural são as áreas rurais ou de floresta. Os macacos são os principais hospedeiros do vírus. Casos em humanos ocorrem quando alguém não vacinado se encontra em uma mata, por exemplo, e é picado por um mosquito contaminado.
>> Sobre a Febre Amarela Urbana (FAU), propagada pelo mosquito Aedes Aegypt, não são registradas ocorrências no país desde o início da década de 1940.
>> Trata-se de uma doença sazonal, ou seja, com a maior parte das ocorrências registradas em determinado período. O calor, a alta pluviosidade e a cobertura vacinal carente oferecem condições perfeitas para o desenvolvimento dos mosquitos, principalmente entre os meses de dezembro e maio.
>> Os sintomas mais leves causam febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Se a doença se manifestar de maneira mais agressiva, a pessoa sofrer com problemas cardíacos, hepáticos e renais, que podem ser fatais.
>> Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou, assim como picadas de mosquito. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.
>> O tratamento é apenas sintomático. A pessoa diagnosticada deve receber uma cuidadosa assistência. Hospitalizada, precisa permanecerem repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado pelo médico.
>> Se for grave, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de óbito. Medicamentos como AS e Aspirina, são proibidas, já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
IMPORTANTE – Os macacos não transmitem a Febre Amarela para o homem. Ao contrário, são os primeiros a adoecer, por isso nos alertam do perigo. Comunique imediatamente os serviços de saúde caso encontre um animal morto, inclusive ossada.