
O lugar por si só já é afastado da cidade. Cerca de 25 quilômetros do centro de Candelária. Picada Voeltz é uma das últimas localidades da região oeste do município, próximo à divisa com Cerro Branco. Para chegar até lá é preciso encarar um grande trajeto de estradas de chão batido e aclives, pois se situa em uma região alta. Se não bastasse isso, as condições das estradas para ir até o local não são nada boas e é a principal queixa de quem mora na localidade.
Os moradores reclamam do abandono do poder público com a região, onde a única coisa, que ainda recebe um pouco de atenção da prefeitura, segundo eles, é a pequena Escola Municipal Dom Pedro I. Mas a principal reclamação dos moradores é com o abandono da estrada. O trecho mais crítico é quase em frente à residência da família Fritz. O agricultor Valderi Fritz conta que em dias de chuva nem carro pequeno consegue passar pelo local.

Além do desnível da estrada vicinal, a chuva transforma o caminho em um verdadeiro atoleiro, além de escorregadiço por conta do barro. Em dias secos carros pequenos até conseguem passar com alguma dificuldade, contudo, caminhão não cruza pelo trecho que possui uma lombada bem acentuada. Tanto que a lenha que o agricultor utiliza para secar o tabaco teve que ficar na beira da estrada. Para poder utilizar o material na estufa, Fritz conta que precisa buscar de carroça, pois o caminhão não conseguiu chegar até sua residência.
O mesmo acontece para carregar o tabaco para venda. “Eu tenho que brochar os bois e levar os fardos até lá em cima”, comenta. O agricultor conta que nem os taxistas querem passar mais pelo trecho e quando precisa levar a esposa, que sofre com problemas de saúde e apresenta dificuldades para caminhar, ele precisa utilizar a carroça e os bois para levar a mulher até o outro lado do trecho quase intransitável.
Fritz conta ainda que esse problema afeta os moradores há quase dois anos. E não foram poucas às vezes que procurou a secretaria de Transportes, Obras Públicas e Trânsito para pedir solução. Depois de idas e vindas à secretaria, o morador revela que alguns servidores e o próprio secretário foram até a localidade para verificar o problema. Isso ocorreu na metade do ano passado, mas até agora, nada foi solucionado.

ABANDONO

Outro morador da Picada Voeltz, Gilberto Gehres, conta que muitas famílias estão deixando a localidade devido às dificuldades encontradas lá. Ele revela que por estar próxima a morros, são constantes os desmoronamentos. “Ano passado eram 11 famílias que moravam aqui, depois do trecho com problemas, hoje são só quatro. A vida já é difícil, aí o mínimo que a gente deveria ter que é estrada, não se tem. Fica muito mais complicado”, comenta Gehres.
Por conta do problema, nem mesmo a Kombi que faz o transporte escolar passa pela estrada desnivelada. As crianças para ir até a escola, precisam encarar um bom trecho caminhando. “Eu acho muito bonita a decoração de Natal da cidade, mas poderiam investir menos lá e olhar um pouco mais para nossas estradas”, completa Fritz.
Conserto da estrada no cronograma
Os moradores da Picada Voeltz podem ficar um pouco mais tranquilos, pois a secretaria municipal de Transportes, Obras Públicas e Trânsito confirmou que o conserto da estrada está no cronograma de serviços. O secretário da pasta, Dilamar Braga, que foi até o local fazer uma vistoria no ano passado está de férias. Contudo, o responsável pela pasta neste período, César Pohlmann, disse que será necessária uma escavadeira para providenciar as melhorias no trecho da estrada da Picada Voeltz, que apresenta problemas de erosão do solo.
Mas segundo o diretor da secretaria de Obras, o conserto só deverá ser feito depois que a máquina concluir os trabalhos na localidade de Passa Sete, onde aguarda o tempo firmar para finalizar os reparos. Porém, antes da estrada da Picada Voeltz, ainda será recuperada uma ponte na Picada Schroeder e a margem de um barranco na localidade de Travessão Schoenfeldt.
MAS QUANDO?
Polhmann não quis dar prazo para iniciar os trabalhos de recuperação da estrada, pois segundo ele, o que mais atrasa a realização dos serviços é o transporte da máquina de uma localidade para outra. A prefeitura precisa locar um caminhão-prancha, pois o município não dispõe do veículo. Um projeto até chegou a ser encaminhado ao legislativo para compra, mas foi retirado pelo executivo antes da votação.
