Os casos de dengue em Candelária seguem em ascensão. Conforme dados atualizados nessa quinta-feira (24) pela Vigilância em Saúde, o município já registra 61 diagnósticos confirmados da doença.
Segundo a enfermeira Daniela Roehrs, da Vigilância em Saúde de Candelária, o município vive atualmente uma situação de dengue endêmica, ou seja, vem ocorrendo de forma continuada. Neste ano, os primeiros casos surgiram em meados de março, com avanço expressivo em abril — cenário semelhante ao de 2024, quando foram registrados quase 200 casos. Na ocasião, pela primeira vez, houve confirmações de transmissão autóctone, ou seja, a doença foi contraída dentro do próprio município, sem ligação com outras regiões. “Os ovos da dengue resistem até 400 dias em locais secos. É impossível erradicar o mosquito Aedes aegypti; o que podemos fazer é controlar a infestação”, explica Daniela.
QUATRO TIPOS DE DENGUE
A enfermeira alerta que existem quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue, o que significa que uma mesma pessoa pode contrair a doença até quatro vezes ao longo da vida. Em 2024, o sorotipo predominante em Candelária foi o 1. Já em municípios vizinhos, como Cachoeira do Sul, há registro de circulação do tipo 2. “Cada vez que se contrai a dengue — na segunda, terceira ou quarta infecção —, o risco de desenvolver a forma grave da doença, como a hemorrágica, aumenta consideravelmente”, adverte Daniela.
A dengue é uma doença febril, e seus sintomas mais característicos incluem dor retro-orbital (atrás dos olhos), manchas avermelhadas na pele e sangramentos, como na gengiva e no nariz.
NÃO HÁ VACINAS
Apesar de existir vacina contra os quatro tipos do vírus, o município está desabastecido do imunizante há mais de 30 dias, conforme relata a enfermeira Nerizane Fornari, coordenadora de imunizações de Candelária. Inicialmente, foram recebidas 816 doses do Ministério da Saúde, complementadas por remessas extras cedidas por outros municípios. Todas já foram aplicadas. Até o momento, não há previsão para o envio de uma nova remessa. Segundo Nerizane, o Ministério da Saúde informou que o problema decorre do desabastecimento dos laboratórios fabricantes.
PREOCUPAÇÃO NA CIDADE
A Vigilância em Saúde alerta para o grande número de focos do mosquito em residências. “Temos casas exemplares, mas também há locais com acúmulo de lixo e muitos criadouros”, ressalta Daniela. Embora o alerta se estenda por toda a cidade, os bairros com maior incidência de focos do mosquito são Princesa, Ewaldo Prass e Rincão Comprido.
PREFEITURA PREPARA MUTIRÃO DE COMBATE À DENGUE
De acordo com Leonardo Ribeiro, coordenador de Vigilância em Saúde de Candelária, ações de combate à dengue já ocorrem diariamente. “Os agentes de endemias visitam as residências, inspecionam os pátios e orientam os moradores sobre os erros encontrados e como realizar a limpeza correta”, esclarece. No entanto, diante do atual surto da doença, essas ações foram intensificadas. Sempre que um caso suspeito ou confirmado é identificado, realiza-se uma varredura em um raio de 150 metros ao redor da residência do paciente — procedimento conhecido como delimitação de foco. Todas as casas nesse perímetro são inspecionadas com mais rigor. “É feito sempre um trabalho intenso nos locais onde os casos são registrados”, ressalta.
Para reforçar o combate à dengue, a Prefeitura também está organizando mutirões nos bairros da cidade. “Levamos de 20 a 30 pessoas, que vão de porta em porta, recolhem o lixo, ensacam e encaminham para a coleta normal”, antecipa o coordenador.
Segundo Ribeiro, ainda não há datas definidas para o início dos mutirões, pois sua realização envolve diferentes setores, como as secretarias de Saúde, Agricultura e Meio Ambiente — e até mesmo o apoio de instituições externas, como o Exército. Enquanto isso, ele reforça a importância de que todos façam sua parte na prevenção da proliferação do mosquito.