Mais de 20 estufas de fumo foram danificadas no temporal em Candelária

Alguns atingidos não receberão seguro por não se enquadrarem nas normas. Estufas funcionavam como depósitos nas propriedades

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Tabaco estragado na chuvarada: Muitos produtores amargaram a perda da safra devido a danos nas estufas - Crédito: Tiago Garcia / JC

Mais de 20 estufas de fumo foram danificadas com o temporal registrado na noite da última terça-feira (16) no interior de Candelária. A maioria dos danos consistiu em destelhamento das estruturas devido ao vento forte e concentrado em alguns locais. Contudo, além de danificar as estruturas, a chuvarada também comprometeu o fumo que já havia sido colhido e estava dentro de algumas estufas.
Segundo o responsável pelo setor de mutualismo da unidade local da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Carlos Alberto Loewe, os danos foram registrados principalmente nas localidades de Botucaraizinho, Arroio Lindo, Roncador, Picada Karnopp, Vila Botucaraí e Linha Facão. “Recebemos avisos formais de pelo menos 10 estufas no nosso setor de mutualismo, mas se sabe que o total de atingidos passa dos 20”, lamenta Loewe.
SEGURO
Embora a maioria dos produtores de tabaco façam parte do sistema mutualista da Afubra, nem todos terão direito a receber o ressarcimento dos prejuízos através do seguro, segundo explica Carlos Loewe. “A cobertura do seguro é desde o plantio até a finalização da colheita. O que ocorre é que em alguns casos havia fumo guardado, já pronto, dentro das estufas que foram danificadas. Nesse caso, a estufa estava servindo de depósito e, dessa forma, não é protegida pelo seguro”.

Carlos Loewe: Seguro tem suas regras – Crédito: Luiz Carlos Lopes / JC

São cobertas pelo seguro as estufas até três dias após o final do fogo para o processamento do tabaco, última etapa da colheita e beneficiamento do produto para ser entregue. “O seguro cobre 100% da colheita, ou seja, o próprio fumo, canos e canais, andaimes, madeiramento de telhado e o telhado. Nas estufas elétricas também, incluindo o motor. Mas, no caso do fumo, somente até três dias após o fim do processo de secagem, que é o período que leva para as folhas esfriarem, após serem submetidas a uma temperatura de 160 graus”, detalha Loewe. “Nos casos em que a safra estava armazenada na própria estufa ou outro local, o produtor deve se valer de um seguro patrimonial, assim como os bancos e seguradoras oferecem”, receita.
A Afubra ainda não dispõe do levantamento do valor financeiro perdido com a última chuvarada, considerando instalações e o próprio tabaco. Segundo dados da instituição, na parte baixa do município e na serra, cerca de 95% das lavouras já foram colhidas. Tanto o plantio como a colheita são feitos de forma escalonada devido à dificuldade de obtenção de mão-de-obra para trabalhar na safra, o que força os plantadores e organizar a lavoura de maneira que a colheita se dê em duas ou mais etapas. “Os dados totais, incluindo valores, estarão disponíveis daqui a uns dois meses. Mas podemos observar, já neste ponto da safra, que a qualidade do tabaco melhorou com a diminuição da umidade, que atingiu o pico em novembro. Porém, por causa destes problemas, como o granizo, que também foi mais notado em novembro, a produção terá uma queda de aproximadamente 30% pelas estimativas de agora”, avaliou Carlos Loewe.

Reportagem produzida pelo repórter Luiz Carlos Lopes / Especial para o JC

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