Intolerantes digitais – por Marcel Lovato

O desejo de humilhar, de expor todo o ódio por determinada pessoa ou situação, de machucar o outro, se mostra mais forte que qualquer resquício de razão

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Diante de um computador, a coragem aflora. Foto: Mino Cartunista

Vivemos tempos de intolerância. Estamos inseridos em uma sociedade aparentemente cada vez mais descontrolada, na qual uma parcela decide abdicar do diálogo para manifestar o pior de si. O desejo de humilhar, de expor todo o ódio por determinada pessoa ou situação, de machucar o outro, se mostra mais forte que qualquer resquício de razão. Ao vivo e a cores, isso é cada vez mais frequente. Sem cerimônia. Na cara dura.

Para os praticantes da ignorância desmedida, dar o seu “show” pessoalmente não basta. É preciso atacar em todas as frentes, ir o mais longe possível. Por que não a internet? Ah, local perfeito para continuar a saga de perseguições, sublinhar o preconceito, despejar toda a falta de respeito. Para os “haters” (ou desprovidos de qualquer civilidade), é o paraíso. Basta criar um perfil falso ou se utilizar indevidamente da imagem/identidade de alguém e pronto. O arsenal de baixarias, atentados à honra, falta de compaixão e o que de ruim existir em um ser “humano” está apto ao ataque.

Não basta discordar de uma opinião, é preciso publicar ofensas e inverdades capazes de destruir a vida de alguém. Não basta criticar a opção sexual, tem que espalhar aos quatro ventos e considerar uma “aberração”.  Não basta receber conteúdos com pessoas em situações constrangedoras e ignorar, não, é fundamental compartilhar, aumentar o estrago e ser cúmplice do crime. É um círculo vicioso. Parece que há uma ânsia pela agressão, pelo “fazer sofrer” e “causar pandemônios”. Tudo para aparecer, ganhar “likes” e incentivar uma legião de covardes.

Sim, quem pratica essas atrocidades e se vale do suposto anonimato da rede mundial de computadores, é um covarde de carteirinha. Alguém provavelmente desprovido de qualquer sentimento positivo, com disposição de sobra para promover anarquias e gerar discórdias. Para que? Quem sabe para aliviar frustrações, se sentir alguém capaz, quando, a bem da verdade, possui um coração apodrecido, uma mente vazia, um ser oco. Se houver outra explicação para tais atos, caros leitores, me digam!

Ainda assim, acredito que a voz (positiva) da consciência possa falar mais alto e auxilie em uma mudança de panorama. Desejo que a racionalidade seja capaz de vencer as atitudes desumanas. E se seu sangue ferver, conte até 10,20, 1000, se for preciso, para não se rebaixar a patamares que não condizem com sua conduta. O esforço é válido e não é impossível!

*Caro leitor, esse texto manifesta a opinião do autor e  busca refletir sobre a questão central. Vale ressaltar também que tens todo o direito de não concordar/expor seus argumentos, desde que isso seja feito educadamente.

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