
Todo ano, centenas de pessoas se dirigem ao Cemitério Municipal de Candelária carregando flores, velas, orações e a saudade de seus amigos, companheiros e familiares, com a intensão de homenagear aqueles que se já se foram. Independente da crença e religião de cada pessoa, com a proximidade do Dia de Finados, celebrado neste sábado (2), a visitação e a movimentação nos cemitérios aumenta, assim como também as reclamações sobre o estado e a manutenção realizada nestes locais.
Na tarde da última segunda-feira (28), o JC foi conferir o panorama no Cemitério Municipal e verificar como está o cuidado do campo santo que guarda a história de Candelária. Logo na entrada, foi possível verificar o trabalho que vem sendo realizado por dois funcionários da secretaria de Transportes, Obras Públicas e Trânsito do município, os quais são os únicos responsáveis por fazer a limpeza, reparação e manter o local adequado para receber diversas famílias durante o ano.
Nas últimas duas semanas, segundo um dos servidores, Osmar de Oliveira, de 53 anos, que vem realizando o serviço no cemitério há mais de três anos, o trabalho foi intensificado, tudo para deixar o local mais organizado possível para receber as pessoas no feriado de Finados. Foram feitas uma nova pintura no muro externo, as flores do chão e o lixo foram recolhidos, foi feita uma limpeza geral, como o corte do lado oposto ao da entrada do cemitério, e ainda foi colocado um tipo de veneno orgânico especial para matar insetos indesejados, tudo feito por ele e pelo seu colega, Daniel Flores. “Fizemos tudo para deixar em ordem e o mais limpo possível, mas o clima não colaborou nos últimos dias, por isso existem poças d’água e algumas flores caídas entre os túmulos”, destaca Oliveira.
A aposentada Nívea Hofstatter, criou um ritual para a época. Todos os anos, acompanhada pela pessoa responsável por fazer a faxina em sua casa, Marilene Baierle, vai até o cemitério realizar os preparativos, para a chegada do Dia de Finados, como a limpeza das sete sepulturas pertencentes a sua família, retirada de flores e até a verificação se está tudo em ordem. “É algo que acho necessário e também importante, e espero que façam por mim também no futuro”, brinca a aposentada.
Já Marilene reclama do estado em que está o local, mesmo após a limpeza feita pelos funcionário da prefeitura. “Faltam muitas coisas, tem apenas uma torneira para pegar água, então para encher um balde de água é preciso ir até a entrada para buscar e fazer a limpeza, e nós limpamos sete sepulturas então são no mínimo sete vezes indo buscar água. Faltam também lixeiras, tiramos o lixo dos túmulos e colocamos onde?”, questiona.

O secretário da pasta, Gilvan Moura, destaca que todo o possível foi feito, mas nem todos os problemas foram resolvidos. “Acredito que tudo que estava previsto a gente tentou fazer, como a pintura, a limpeza, mas teríamos feito muito mais se não tivesse chovido tanto, mas de qualquer forma, fizemos o que esteve ao nosso alcance para deixar o local mais adequado para receber as pessoas neste feriado”, salienta. Além disso, o secretário tem a vontade de manter o trabalho mais constante no local. “É a nossa história aqui, então minha ideia é sempre procurar manter limpo, organizado e bem cuidado”, afirma.
Furtos e invasões recorrentes

Apesar dos cuidados, um problema comum ainda faz parte do dia a dia de quem frequenta o campo santo: os furtos. De acordo com Osmar, o cemitério já teve épocas piores, mas que ainda sofre com os furtos e as invasões, principalmente na parte dos fundos, onde usuários de entorpecentes acabam entrando nas dependências do cemitério e levando cruzes colocadas nas sepulturas pelos familiares e outros objetos, como porta fotos e mais utensílios de valor dos túmulos.
Além destes objetos, os invasores acabam levando também outros materiais, entre eles as portas de alumínio colocadas nos banheiros do cemitério. “Nós colocamos a porta ainda neste ano, mas eles arrancaram e levaram embora. Isso é um desrespeito com o cemitério e com as famílias, não é um lugar para se fazer danos, tenho familiares aqui e isso também é uma situação ruim para mim e causa indignação”, comenta o servidor. Ele relata ainda que embora há tentativas de conter as invasões, como telas de arame instaladas sobre o muro, os invasores acabam rompendo e entrando no ambiente. “Já tentamos chamar a polícia para tentar conter e evitar que eles entrem, mas nunca aparecem e nada é feito, e se a gente vai lá é só para nos incomodar, então o que se pode fazer?”, questiona.
“Uma falta de respeito”
Quem sofreu com o vandalismo nos últimos tempos foi o pedreiro Valter Haun, de 69 anos, que teve os objetos de identificação dos túmulos dos seus pais levados e a sepultura vandalizada. “Venho aqui há tempos deixar as sepulturas dos meus pais arrumadas, e o que fizeram é uma falta de respeito, pois levaram até a foto dos meus pais”, comenta.
O secretário de Obras Públicas, Gilvan Moura, salienta que esses casos são muito difíceis de se resolverem, visto que na maior parte das vezes, voltam a acontecer pouco tempo depois. “Não há muito o que fazer, se essas pessoas tiverem o mínimo de consciência e respeito, a situação já estaria resolvida. Pensamos em colocar um vigia, mas o local é muito grande, é fácil se esconder, ainda mais de noite, e também é um pretexto para colocar em risco a vida de uma pessoa, pois ao intimidar e tentar forçar a saída dos invasores, ainda mais sozinho, isso se torna perigoso, pois não se sabe como será a reação deles, e nem eu mesmo me arriscaria a fazer isso”, explica.
