Falta de chuvas em grande quantidade já ameaça nível do rio Pardo

Nível do rio baixou cerca de 40 centímetros desde a última quinta (15); prefeitura já planeja ações para manter abastecimento no município

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Rio já apresenta locais com baixo nível de água; situação gera alerta. Foto: Fernando Cezar/JC

Nem bem chegou o final do ano e o problema que foi registrado ainda no início de 2020 voltou a atormentar: a estiagem. Embora o inverno tenha sido volumoso na questão de quantidade de chuvas, o que estabilizou o nível do rio Pardo e até causaram enchentes em alguns momentos, a chegada da primavera, associada ao fenômeno La Niña, tem contribuído para uma nova ameaça de estiagem na região.

Somente nos últimos sete dias, o nível da água do rio baixou cerca de 40 centímetros e alcançou o patamar mais baixo desde março, auge da estiagem registrada neste ano. Hoje, o nível do rio se encontra com cerca de 2 metros de no ponto de captação, enquanto que o nível normal deveria ser de 2 metros e 35 cm. A baixa repentina no nível do rio Pardo trouxe uma preocupação iminente aos órgãos municipais, principalmente no que se refere à possibilidade de faltar água para o abastecimento da população, tanto da cidade como também do interior.

Deste modo, a secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Pesca, junto da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), estão montando estratégias para que a mesma situação registrada no início do ano, não se repita. Uma das ações previstas, principalmente para garantir que o abastecimento de água se mantenha dentro da normalidade em Candelária, é a construção de uma nova barreira temporária para elevar o nível do rio no ponto de captação da Corsan, assim como foi feito em meados de abril.

Conforme o diretor do Departamento de Meio Ambiente (Dema), Albino Gewehr, o barramento do rio Pardo é uma medida de extrema importância, pois vai garantir uma sobrevida ao nível do rio, caso se confirme a previsão de falta de chuvas. “É uma baixa assustadora, por isso essa medida se torna importante para que possamos garantir o abastecimento da população até, pelo menos, o final deste e o início do próximo ano”, salienta.

Nos próximos dias, será encaminhado um projeto para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para que a obra de contenção possa ser efetuada. A liberação do órgão estadual deve ocorrer entre 10 a 12 dias. Antes disso, a ideia é modificar um pouco o curso do rio, para facilitar a obra da barragem e iniciar a contenção da água no local.

MAIS AÇÕES
Além do barramento, o Dema já está planejando a montagem de novas equipes para distribuição de água no interior, através de caminhão-pipa, assim como foi no verão deste ano. Também já está sendo realizada a conscientização da população para que evite o gasto excessivo de água, para garantir uma sobrevida maior ao abastecimento.

Nessa quarta-feira (21), mergulhadores da Corsan estiveram no ponto de captação da companhia monitorando a situação do local. Os profissionais realizaram um trabalho de posicionamento e avaliação das condições do nível da água para já preparar alternativas. No local foi instalada uma tubulação mais robusta para que não haja falta de água, ou em caso de uma enchente, que o abastecimento não seja interrompido.

Previsão de pouca chuva reforça ameaça

Quem visitou a Prainha nos últimos dias ou teve a oportunidade de cruzar sobre a ponte do rio Pardo na RSC-287, já pode notar a grande quantidade de cascalho à mostra ao longo do leito das águas do rio. Tal situação deixa em alerta principalmente aqueles que dependem da água para o cultivo das lavouras ou até mesmo para o consumo no interior.

De acordo com o diretor do Dema, Albino Gewehr, a grande causa da pouca quantidade de água no rio Pardo ainda é reflexo da última estiagem. Calhas formadas, rio sem retenção, falta de áreas de retenção, além de vegetação sedenta que ainda não se recuperou da última seca, são os grandes responsáveis.

LA NIÑA
A falta de chuva e diminuição da altura das águas do rio Pardo ainda devem continuar, pelo menos até o mês de março. O governo do Estado já emitiu alerta sobre a situação, principalmente aos agricultores. De acordo com Boletim do Conselho Permanente de Meteorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), referente aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020, o La Niña pode provocar anomalias de chuvas e temperaturas do ar, indicando risco de estiagem em todas as regiões do Rio Grande do Sul, tendo sua maior intensidade prevista já para o próximo mês.

NOVEMBRO SECO – Para o mês de novembro, o boletim aponta uma redução ainda maior de chuva (anomalia entre forte e muito forte), com predomínio de noites mais frias e dias mais quentes, padrão característico de períodos muito secos. Em dezembro, são esperados padrões de chuva mais próximos da média, mas com temperaturas acima do normal, o que mantém a evapotranspiração elevada e, consequentemente, a estiagem severa e o clima mais seco na vegetação e leitos dos reservatórios naturais, como o próprio rio Pardo.

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