Expectativa de vida no Vale do Rio Pardo aumenta para 76,76 anos

JC ouviu a autora do estudo e traz a história de Ieda Becker para entender a maior longevidade da região

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Um estudo realizado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), atualizou os dados de expectativa de vida no estado. A expectativa de vida média do Rio Grande do Sul é de 77,26 anos. A pesquisa também revelou a expectativa de vida de cada região. Para os gaúchos nascidos na região do Vale do Rio Pardo, a expectativa é de 76,76 anos, o que significa um aumento de 1,24 anos em comparação com 2010, quando a projeção era de 75,52 anos.

Apesar do aumento, o índice é o 8° pior do estado. Entre a região do Vale do Rio Pardo e a região Nordeste, que possui a maior expectativa de vida de todo o Rio Grande do Sul (80,75), a diferença é de praticamente quatro anos. Marilene Dias Bandeira, autora do estudo aponta que a disparidade entre as regiões aumentou. “No ano de 2010 a diferença de anos entre o maior e menor Conselho de Desenvolvimento Regional (COREDE) era de 3,96 anos. Em 2019 alcançou 5,55”, relata a Marilene Dias Bandeira, autora do estudo.

A coordenadora do estudo avalia o índice como satisfatório, já que não está tão distante da média dos países desenvolvidos. “Dados estimados em 2019 pela Divisão de População das Nações Unidas indicavam que a expectativa de vida ao nascer dos países mais desenvolvidos em 2015-20 era de 79,24 enquanto que nos menos desenvolvidos era de 70,70 anos. O COREDE Vale do Rio Pardo alcançou 76,76  anos em 2019”, contextualiza.

A pesquisadora vinculada à Secretaria de Planejamento explica que os dados coletados servirão como base para a implementação de políticas públicas no estado. “A expectativa de vida ao nascer é um bom indicador do nível de desenvolvimento de uma região”, destaca.

Envelhecimento da população e domínio feminino

O levantamento revela que a população gaúcha envelheceu. De 2010 a 2019, a participação de pessoas com idade abaixo de 15 anos na população total do estado caiu de 21,38% para 18,34%.  Uma redução de quase 247 mil pessoas nesse período. Por outro lado, os habitantes com 60 anos ou mais aumentaram sua participação na demografia do estado. Com o acréscimo de aproximadamente 590 mil pessoas nessa faixa etária, sua parcela entre a população total subiu de 13,56% para 18,19% no mesmo período.

Entre os grupos de maior faixa etária, chama atenção o domínio feminino. Até os 29 anos, homens são a maioria na população. Após isso, são superados pelas mulheres em todas as faixas etárias. Ao chegar na faixa dos 90 anos, existem 38 homens para cada 100 mulheres. A pesquisadora explica que essa disparidade ocorre em função do alto número de mortes violentas (homicídios, suicídios, acidentes, etc.) entre pessoas do sexo masculino. Esta foi a terceira maior causa de mortes entre homens no estado, enquanto entre mulheres a causa sequer apareceu na pesquisa.

Para os próximos estudos, Bandeira acredita que a pandemia deva interromper o crescimento da expectativa de vida no Rio Grande do Sul. “Acredito que deve diminuir como aconteceu em São Paulo, onde houve queda de um ano na expectativa de vida ao nascer em 2020”, projeta.

O segredo para ir além das expectativas

Prestes a completar 80 anos de vida, Ieda Becker, frequenta a academia Espaço Saúde três vezes por semana. São dois dias de musculação e um dia de dança. “Eu conheço gente que vai à academia na marra. Eu vou porque gosto e tenho por hábito”, afirma.

Para se manter ativa com a chegada dos 80, Ieda Becker vai à academia três vezes por semana para praticar musculação e dança

O gosto pela atividade física é reflexo de um habito que sempre a acompanhou. “Eu faço exercício toda a minha vida desde criança, a partir dos 12, 13 anos. Na academia mesmo deve fazer uns 50 anos. Só parei durante as gravidezes.”, conta.

Nessas cinco décadas, Ieda não só viu, como participou da primeira academia de Candelária e acompanhou a evolução desses espaços na cidade. “Nós começamos a academia aqui em Candelária no Clube. Academia entre aspas. Academia, academia só veio mais tarde e foram evoluindo. Eu me lembro que não tinha esse aparato, esses aparelhos. Era pouca coisa que tinha, mas a gente fazia”, recorda.

Sobre os benefícios, ela comenta: “Dá para ver a diferença. Articulação e coluna são coisas que muitas pessoas da minha idade se queixam. Não vou dizer que eu não tenho dor. Mas são dores suportáveis, dores da idade. Nenhuma dor me impede de fazer os exercícios da academia”, diz.

Para Ieda, o bem-estar proporcionado pela atividade física é o que a motiva a seguir com a rotina de exercícios. “Me sinto muito bem, muito leve, ágil. Nem passa pela cabeça, no estado que eu estou agora, usar uma bengala. E quantas pessoas de 70 anos, até menos às vezes, usam. Graças a academia, eu tenho muita facilidade para subir e descer escadas, não tenho nenhum problema”;

Outros conselhos que Ieda dá para os que também deseja ultrapassar a expectativa de vida da região de forma saudável e ativa é a alimentação moderada e cuidado com o sono. Para aqueles que vão à academia “na marra”, ela aconselha a não desistir. “Exercício é continuidade. Eu acredito que a continuidade leva a gente a praticar o exercício com prazer”, conclui.

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