Estimativa de quebra na produtividade da soja é de 50%

Colheita foi antecipada e já está em andamento, para evitar maiores perdas

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Soja está amadurecendo de maneira forçada e perdendo produtividade. Foto: Matias Ramos/JC

A estiagem que se prolonga há quase 60 dias, de modo mais intenso, está obrigando os produtores de soja a anteciparem a colheita. Isso porque a estimativa de prejuízo da safra 2019/2020 está crescendo a cada semana e as últimas projeções técnicas apontam quebra de 50% na produtividade das lavouras do município. Em Candelária, a média histórica é de 55 sacas por hectare. Contudo, atualmente, os sojicul-tores estão colhendo em torno de 27 sacas por área. Pelo fato de não ter chuva prevista, as perdas podem ser ainda maiores.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Agrican, Adalton Siqueira, a estiagem está instalando uma situação caótica e de muita dificuldade para o produtor rural, já que está extrapolando a questão da lavoura e atingindo o próprio consumo. “Já se vê árvores frutíferas morrendo, açudes secando, rios parando de correr. É realmente preocupante”, refletiu. Em relação à soja, os produtores estão tentando minimizar os prejuízos causados pela seca.

Exemplo disso é a agilidade para colher o grão, que ainda precisava de mais tempo para estar pronto. A pressa está fazendo com que façam uso de produtos para dessecar as folhas. “A soja está maturando à força e morrendo, principalmente as variedades plantadas cedo, lá pelo final de outubro e meio de novembro”, explicou. A maturação forçada faz com que a vagem abra e o grão caia no solo, o que representa mais prejuízos.

Mais perdas serão conta-bilizadas, no entanto, nas lavouras em que, agora, as plantas estão em período de enchimento de grão. “Não tem umidade no solo e aí começa a falhar, abortar vagem, aparecer grão mal formado”, revelou. A falta de água já foi responsável pelo atraso no plantio, que, em 25% de toda a área plantada no município, foi finalizado somente depois do dia 10 de janeiro, após um período de chuvas que aliviou o cenário de seca. “Mas a partir de fevereiro praticamente não choveu. O normal para o mês era 150 milímetros e não chegou a 30”, lamentou.

CAOS GENERALIZADO
Siqueira informou que todas as localidades do município estão sendo gravemente prejudicadas e até mesmo a cultura do arroz já começa a se preocupar com a dificuldade de irrigação das lavouras. Na maior parte do território candelariense, arroios, córregos e açudes estão secos. “Até para o abastecimento de animais a situação está crítica”, analisou.

A orientação do engenheiro agrônomo é de que os produtores rurais se cerquem de provas sobre o impacto da estiagem nas lavouras, seja em fotos ou laudos técnicos. “Essas ferramentas vão ser importantes no momento em que o produtor chegar no banco, solicitando crédito ou prorrogação de prazo do financiamento. Não vai ser um ano fácil para pagar contas e investir na próxima safra”, ponderou.

No Estado, prejuízo chega a 32%

Ao revisar a estimativa de produção de soja da safra 2019/2020, a Emater apontou uma redução de 32% na produtividade do Rio Grande do Sul. Devem ser colhidas 13,3 milhões de toneladas, conforme o boletim técnico da entidade. A média histórica era de 19,7 milhões.

Outros relatórios da Emater, no entanto, apontam que as perdas de soja no Estado podem aumentar ainda mais. Em nota, a entidade afirmou que os dados são um retrato do cenário posto até a última segunda-feira (10) e a projeção pode mudar, caso a estiagem persista.

OUTRAS CULTURAS
A produção de milho no Rio Grande do Sul também já foi avaliada com queda de produtividade. O alívio é que a redução foi menos significativa do que em relação à soja. Conforme a Emater, a safra gaúcha deve alcançar 4,4 milhões de toneladas, uma queda de 27% frente a projeção inicial.

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