
A pandemia de coronavírus impôs desafios a pessoas de todo o mundo. É claro que nessa afirmação estão incluídos, também, os advogados. De março a julho, o serviço da advocacia ficou praticamente parado, devido aos protocolos de distanciamento adotados pelo Poder Judiciário. Essa situação prejudicou tanto clientes, que se viram sem perspectiva de resolução dos processos, quanto profissionais, que ficaram sem receber os honorários.
Felizmente, desde o dia 15 do último mês, o trabalho no Fórum retornou de maneira gradativa, de modo que os processos eletrônicos estão seguindo o rito em ritmo normal. Os processos físicos, porém, ainda estão sendo tratados com mais morosidade, pois precisam respeitar tempo de quarentena, entre outras regras. Para o presidente da OAB Subseção Candelária, Joel Pereira Nunes, essas mudanças trazidas pela pandemia representam um marco significativo para a prática jurídica.
Vai muito além de priorizar atendimento pelo telefone ou receber os clientes com distanciamento, hora marcada, máscaras e disponibilização de álcool gel. “A forma não será mais a mesma”, definiu. Conforme Nunes, os profissionais estão precisando se acostumar com audiências virtuais, processos eletrônicos e a inserção efetiva da tecnologia no trabalho dos advogados. Por isso, a OAB está oferecendo cursos de aperfeiçoamento sobre o sistema utilizado e grupo de suporte àqueles que tem mais dificuldade.
INTERCÂMBIO
Da mesma forma que a OAB Subseção Candelária se preocupa com a adaptação dos profissionais já consolidados em relação às mudanças propostas pelo cenário atual, a entidade também busca dar subsídios aos jovens advogados para enfrentar as adversidades do início da carreira. “Começar é difícil. É preciso arcar com despesas, conquistar clientela”, destacou.
Nesse sentido, a OAB está encorajando parcerias entre advogados jovens e profissionais mais experientes, para que um colabore com o outro em situações em que tem mais habilidade ou conhecimento. “Para o jovem é mais difícil se inserir no mercado, enquanto o mais antigo não tem tanto domínio sobre as ferramentas tecnológicas”, analisou.
Em resumo, a ideia é que o jovem colabore com o conhecimento sobre tecnologia e o advogado mais experiente auxilie com estrutura, clientela e experiência no mercado de trabalho. “É uma troca interessante, que impede que o conhecimento fique estático em uma das duas pontas”, disse.
Início da carreira exige comprometimento e dedicação
Não é fácil sair da faculdade, começar a trabalhar, ter lucro com a profissão tão sonhada. Para os advogados ainda têm a missão de passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para, então, dar início à carreira jurídica. Nas últimas semanas, a OAB Subseção Candelária ganhou duas novas advogadas, recém-formadas, que estão em busca da concretização do sonho. Lara Klafke Brixner, de 23 anos, pretende ser juíza, mas antes está advogando, já que é preciso, no mínimo três anos de prática. Aline Damásio, também de 23 anos, está cursando três pós-graduações, para aumentar as chances de se destacar no mercado de trabalho e conseguir a primeira oportunidade de advogar.

Aline fez a educação básica na Escola Estadual de Ensino Médio Guia Lopes. Com bolsa do ProUni, formou-se em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Eu sempre sonhei em ser advogada”, revelou. Mais que isso, ela ambicionava ser especialista em Direito Militar. Tanto é que já está cursando uma pós-graduação na área. Durante a faculdade, Aline se identificou com as áreas de Direito do Trabalho e Direito da Família, assuntos em que também está se especializando. A advogada, apesar de jovem, já sabe o que quer: não pretende prestar concurso público, pois acredita que advogando vai poder ajudar a população. “É nosso papel esclarecer as pessoas sobre seus direitos e deveres, lutar e proteger isso”, argumentou.

Lara se formou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Durante a faculdade, estagiou no Tribunal de Justiça, onde desenvolveu o gosto pela magistratura. “Eu sempre quis Direito, mas foi na universidade que eu não tive mais dúvidas”, contou. Agora, ela está advogando no escritório do tio, Joel Pereira Nunes, e fazendo cursinho para prestar concurso público. A expectativa dela, nos próximos três anos, pelo menos, é pôr em prática o que aprendeu e crescer enquanto profissional. “Quero aproveitar a experiência das pessoas com quem estou trabalhando e conquistar segurança”, apontou.
Ainda que jovens, as duas compartilham a paixão pelo Direito e a vontade de mudar o mundo através dele. “O mais bonito do Direito é garantir direitos básicos, retirar obstáculos, oferecer possibilidades a todos. O mundo seria melhor se cada pessoa tivesse um pouco de conhecimento sobre a nossa legislação”, finalizou Lara.