Não é segredo para ninguém que o Hospital Candelária tem passado por dificuldades. A demanda de pacientes aumentou e, consequentemente, o número de procedimentos, o que tem gerado preocupação e ligado o alerta dos gestores quanto aos convênios, principalmente ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque o plano público às vezes é deficiente e não cobre os custos de toda a operacionalização dos hospitais, principalmente no Rio Grande do Sul.
Assim como em outras áreas, o Estado tem dificuldade de manter os repasses em dia para as casas de saúde, o que impulsiona o déficit das instituições em todo o Rio Grande do Sul. A saída, portanto, é a busca por novas parcerias, repasses e emendas parlamentares, que auxiliam a equipe a manter as contas em dia.
No caso do Hospital Candelária, somente em 2020, foram confirmados R$ 700 mil em emendas parlamentares (R$ 500 mil do deputado Marlon Santos (PDT), R$ 100 mil do deputado Heitor Schuch (PSB), e R$ 100 mil do senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas)). Além disso, a instituição ainda espera uma resposta positiva de outros deputados federais que já sinalizaram intenção de auxiliar com as despesas de custeio da instituição, que teve déficit de cerca de R$ 1,2 milhões em 2019.
O rombo tem a ver, principalmente, com os contratos firmados entre o Hospital Candelária, o Município, o Estado e a União. De acordo com o diretor da instituição, Aristides Feistler, a demanda de atendimentos só tem aumentado. Com isso, contratos feitos anteriormente e que previam um certo número de atendimentos, já não conseguem custear 100% dos pacientes via SUS. “São contratos que queremos rever, pois estamos atendendo, em alguns procedimentos, mais de 1000% em uma única especialidade”, destaca.
Nestes contratos, o poder público limita o valor para um número total de atendimentos. O que acontece, porém, é que existem muito mais pacientes do que o a quantidade prevista nos convênios firmados. “Hoje temos pressa em renegociar os novos contratos, tendo em vista que daqui a pouco tempo possa se tornar inviável a instituição conseguir se manter. Não existe magia”, ressalta Feistler.
ALTERNATIVAS
Além das emendas, as quais servirão para equilibrar as contas do ano de 2019, há uma expectativa boa para 2020. Existem parceiros investidores, como o Lions Clube de Candelária, que já encaminhou um projeto à Lions Clube International Foundation (LCIF), solicitando o auxílio financeiro de U$$ 100 mil – aproximadamente R$ 400 mil – para a compra de equipamentos que revitalizarão o bloco cirúrgico e possibilitarão a realização de mais procedimentos na instituição.
A Clínica Centro-Serra, de Sobradinho, também pretende fazer um grande investimento junto ao Hospital Candelária. A empresa fará a construção de uma clínica especializada nos exames de tomografia, que ficará ao lado do prédio da instituição. As obras estão previstas para iniciarem até a metade do ano. No total, serão investidos, pela iniciativa privada, cerca de R$ 1,3 milhão, entre infraestrutura e equipamentos. Ainda, uma parceria com a RGE vai possibilitar a troca de eletrodomésticos, o que auxiliará na contenção de gastos.
Repasses do poder público são insuficientes
Atualmente, o Hospital Candelária recebe, mensalmente, R$ 244, 5 mil do Governo do Estado. Destes, R$ 100 mil são destinados ao custeio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), outros R$ 96 mil vão para a manutenção dos 24 leitos destinados ao tratamento da saúde mental, e R$ 48,5 mil tem como finalidade a realização de cirurgias eletivas.
Haveria, ainda, cerca de R$ 19,3 mil de recursos pré-fixados, que dariam conta de partos. No entanto, esse dinheiro, em específico, quase não tem sido encaminhado e, quando é feito o pagamento, acontece com atraso.
Já o vínculo com o município é anual. Através dele, R$ 200 mil são encaminhados mensalmente para o hospital, os quais são destinados aos atendimentos da população. Este contrato encerra no fim deste mês e a expectativa da administração da instituição é de que o texto seja modificado.
A União, por meio do Teto Financeiro Mac, do Sistema de Controle de Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade (Sismac), encaminha todos os meses o valor de R$ 465 mil, no qual está incluído o custeio do serviço de oftalmologia.