Conto do bilhete faz três vítimas em Candelária

As pessoas perderam R$ 43 mil sob a expectativa de que receberiam uma bolada da loteria

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Aplicação do golpe é antiga, mas em pleno 2019 segue exitosa. Foto: Divulgação/JC

Ainda que antigo, o golpe do bilhete premiado continua fazendo vítimas com frequência em Candelária. Num intervalo de 15 dias, ao menos três pessoas perderam R$ 43 mil sob a expectativa de que receberiam uma bolada da loteria. No caso mais recente, ocorrido nessa terça-feira (4), uma candelariense alcançou R$ 2 mil aos estelionatários. Mas teve quem perdeu R$ 40 mil no golpe.

De acordo com o delegado titular da DP de Candelária, Rodrigo Marquardt da Silveira, as vítimas preferenciais dos estelionatários são mulheres. Tanto que nos três casos registrados em Candelária, as vítimas são do sexo feminino com idades entre 50 a 70 anos. Aliás, o delegado acredita que o número de vítimas pode ser ainda maior, já que muitas pessoas sentem vergonha ao perceber que foram enganadas e não denunciam o crime.

Silveira explica que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o golpe não se trata de uma pessoa querendo vender um bilhete premiado. Trata-se de uma história elaborada para mexer com os sentimentos da vítima e é composto de dois personagens. O primeiro é quem aborda a vítima com a missão de pedir ajuda e despertar nela o sentimento de pena. O segundo aparece durante a conversa para dar veracidade à história e oferecer ajuda. É ele quem sugere que a vítima dê uma prova de confiança, ou seja, o dinheiro.

A conversa dos estelionatários é tão sedutora que as vítimas demoram a perceber que foram enganadas. A preferência dos golpistas é por idosos porque, muitas vezes, estes sentem falta de alguém para conversar, o que os torna mais vulneráveis a estranhos. A recomendação da polícia é que as pessoas conversem e alertem seus familiares. A prevenção é importante pois, como o golpe envolve dinheiro em espécie, a recuperação dos valores é quase impossível.

Conforme a Polícia Civil, os grupos costumam ser compostos por três ou mais golpistas. Para dificultar os reconhecimentos, eles se revezam para abordar as vítimas. Os demais ficam em um carro, dando cobertura. Em Candelária, as abordagens ocorreram na praça central e próximo aos bancos. Para dificultar a investigação policial, os estelionatários costumam migrar por diversas regiões. Eles aplicam golpes em um município e, antes que a polícia se mobilize, vão para próxima cidade. “São muitos estelionatários que estão agindo na região. Se a vítima desconfiar do golpe, a recomendação é pedir ajuda quando for ao banco, avisando que está sendo vítima de um golpe. O banco acionará a polícia. Anotar a placa do carro dos criminosos também ajuda”, destaca o delegado.

O Golpe do Bilhete Premiado

>>O primeiro boletim de ocorrência do golpe no Brasil foi registrado em 1934, em São Paulo. Conhecido como conto do vigário por causa de Perez Vigário, um estelionatário que criou fama no século XIX, o golpe tem em base a mesma essência: alguém aborda a vítima dizendo ter um bilhete premiado e pedindo informações. Esse vigarista avisa que precisa de um valor para resgatar o prêmio, e oferece à vítima uma parte dele caso ela lhe empreste o dinheiro necessário. Nisso, uma terceira pessoa se aproxima, geralmente bem-vestida, fingindo também ter interesse no prêmio. Ela liga para o banco e confirma que o tal bilhete é mesmo premiado. E depois, acontece o desfecho que todo mundo conhece.

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