Colheita da soja avança, mas preço frustra produtores

Em média, a saca de 60 quilos está sendo comercializada a R$ 72,00. o valor é inferior ao praticado no ano passado

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A maior parte das lavouras de Candelária está pronta para o processo de colheita. Produtividade deve ser mantida. Foto: Marcel Lovato/JC

O ritmo de trabalho tem sido intenso para os sojicultores gaúchos nas últimas semanas. Terceiro maior produtor de soja do país, o Rio Grande do Sul avança, aos poucos, com a colheita do grão. Embora tenha ocorrido certo atraso no plantio por conta do excesso de chuva no último trimestre de 2018, a cultura apresentou recuperação nos meses seguintes. Dessa forma, não houve maiores prejuízos para o início do processo.

Segundo o informativo semanal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/Ascar), o estágio do colhimento ultrapassa os 20%, em grande parte das lavouras do Estado. Por conta das diferentes ações climáticas nas regiões produtoras ou o período em que o agricultor realizou a semeadura, é natural que algumas estejam mais adiantadas do que outras.

A produtividade também deverá ser variável. De modo geral, há um desenvolvimento muito interessante das plantas em formação e em enchimento de vagens. Gera-se uma boa expectativa de rendimento, o que vai ao encontro das perspectivas satisfatórias para a agricultura gaúcha nesta safra. Deve ser a segunda maior da história.

Um terço finalizado

Conforme o JC adiantou em uma matéria anterior, a área dedicada ao cultivo da soja em Candelária se manteve praticamente inalterada. Dessa forma, os 19 mil hectares previstos se concretizaram, pois não há mais espaço físico para a ampliação da cultura. 30% das lavouras do município já foram colhidas, portanto um índice superior ao da maior parte do Estado. Ainda assim, algumas estão na fase final da maturação, ou seja, será preciso aguardar mais uns dias para iniciar a coleta.

Adalton destacou que houve um aumento no custo de produção, especialmente nas propriedades localizadas nas terras mais baixas. As chuvas fortes ocorridas entre dezembro e janeiro causaram alagamentos e dificultaram o desenvolvimento integral da planta. Sendo assim, vários produtores precisaram semear novamente. Ademais, o controle de doenças como a ferrugem asiática causada pela umidade excessivo foi ainda mais rigoroso.

Custos extras de produção diminuem a receita

Se as expectativas forem confirmadas, a média histórica de rendimento nas lavouras de soja candelarienses deve ser mantida. A quantidade representa 3.300 quilos por hectare e 60 sacas. Será possível alcançar esse resultado porque o clima estabilizou a partir do mês do mês de fevereiro e permitiu que a planta crescesse com regularidade. Ocorreram períodos de tempo seco alternados com chuvas pontuais, o que é ideal para a soja.

Por outro lado, há um grande descontentamento com o preço atual da saca de 60 quilos. A comercialização, em média, está na faixa dos R$ 72,00. Esse valor está muito distante dos R$ 78,00 a R$ 80,00 da safra 2017-2018, patamares ideais para um bom equilíbrio das contas dos produtores. Aliado aos custos extras da produção, já se espera uma redução importante na receita líquida. Mesmo com tais adversidades, o cultivo da oleaginosa ainda proporciona razoável retorno financeiro, se comparado com as demais.

Esperança renovada

Contudo, as enchentes severas ocorridas atualmente nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos poderão vir a beneficiar os sojicultores brasileiros. O país norte-americano é um concorrente direto nas exportações do grão.

Principal compradora, a China deixaria, teoricamente falando, de importar a soja dos americanos, por conta da quebra de produção. Nesse cenário, os chineses voltariam totalmente as suas atenções para o produto nacional, tornando o Brasil, pelo menos neste momento, soberano. Consequentemente, a lei da oferta e da procura poderá reaquecer o mercado a ponto de provocar uma reação em cadeia capaz de alterar os valores atualmente praticados.

 

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