Caso Kolbe: Inquérito deve ser concluído até o fim de dezembro

Policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na última sexta-feira (29)

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Carlos José Kolbe, foi morto por policial militar, após confronto no Centro. Foto: Divulgação/JC

A Polícia Civil está intensificando as oitivas e a coleta de provas para um dos casos de maior repercussão entre a comunidade candelariense, a morte do frentista Carlos José Kolbe, 27 anos. O jovem foi morto, no último dia 14 de novembro, com um tiro na região lateral do abdômen, após entrar em confronto com policiais militares. O desentendimento ocorreu por volta da meia-noite, na Rua José Bonifácio, próximo ao Posto Esquinão, conhecido ponto de encontro de jovens aos fins de semana.

De acordo com o delegado Paulo Cesar Schirrmann, interino da DP de Candelária, a peça investigativa deve ser concluída, se possível, antes do Natal e enviada à justiça. Para que isso ocorra é aguardada a chegada do laudo toxicológico da vítima, além da tomada de novos depoimentos, que devem ocorrer nesta sexta, dia 6. Depois disso, será feita a análise das provas coletadas e o indiciamento ou não do policial militar.

Schirrmann evitou dar maiores detalhes acerca do caso, mas adiantou que o PM poderá tanto ser indiciado por homicídio doloso ou como também poderá haver a exclusão de ilicitude, mecanismo previsto no Código Penal, que permite que uma pessoa pratique uma ação que normalmente seria considerada um crime. Esses casos se aplicam em estado de necessidade como em legítima defesa ou em estrito cumprimento legal de dever ou no exercício regular de direito. “Tudo vai depender da apuração dos fatos e das provas que serão produzidas durante o inquérito”, destaca.

O delegado ponderou que o inquérito está se desenvolvendo sem percalços, todas as partes envolvidas constituíram advogados, que estão acompanhando o andamento dos trabalhos e a tomada dos depoimentos. Na última sexta-feira (29), os policiais envolvidos na ocorrência foram ouvidos, acompanhado de seus advogados.

Schirrmann adiantou que os depoimentos seguem o que foi relatado pelos militares no registro da ocorrência, entre as quais que a vítima estava alterada e teria reagido de forma violenta a abordagem. “Tudo indica que os policiais não tiveram outra alternativa, pois o disparo foi feito num momento de alta tensão, de luta corporal, infelizmente o tiro atingiu uma região letal”, afirma. Contudo, o delegado afirmou que ainda é cedo para qualquer posicionamento, pois os depoimentos não estão totalmente concluídos.

LAUDO

O resultado do laudo de necropsia a cargo do Instituto Geral de Perícias (IGP), de Santa Cruz do Sul, peça fundamental ao inquérito, ainda não foi revelado pelo delegado. Ele aguarda a chegada de outros laudos para anexar à peça investigativa. Schirrmann adiantou, que maiores detalhes somente serão divulgados com a conclusão do inquérito.

Família e BM têm versões diferentes

A maioria das testemunhas, ouvidas até o momento, corroboram para a versão dos policiais, de que o disparo ocorreu num momento de luta corporal da vítima com os PMs. Embora, os policiais estivessem em número maior, eram três policiais envolvidos na ocorrência, contra apenas um, eles não estariam conseguindo conter as investidas do jovem, que partiu para cima da guarnição com golpes e socos. A versão da BM, é que o jovem, em dado momento, teria tentado sacar a arma de um dos PMs, foi quando ocorreu o disparo. Essa versão, no entanto, conflita com a da família da vítima. Para eles, a ação da BM naquela noite foi desproporcional e completamente irracional. A alegação é de que o jovem estava desarmado, e somente partiu para cima dos policiais, para reagir a uma agressão inicial. A mãe do frentista, Evani Kolbe, em entrevista ao JC, afirmou que a ação da BM foi um desastre. “Nem parece que foram treinados para enfrentar essas situações. Onde já se viu matar uma pessoa desarmada e pelas costas. Se não estavam conseguindo contê-lo que chamassem reforço, mas não matassem meu filho”, disse na ocasião.

Relembre o caso

Na noite do dia 14 de novembro, a guarnição da BM foi acionada por moradores da Rua José Bonifácio, devido a algazarra – som alto e gritaria -, e pelo fato de os frequentadores da rua estarem usando as entradas e muros das residências como banheiro. Os policiais conversavam com um morador quando Kolbe se aproximou da residência e começou a urinar, na frente de todos. O frentista foi repreendido pelos policiais, recebeu voz de abordagem e enquanto era revistado, revidou e iniciou uma luta corporal. Um dos PMs, levou um soco e caiu no solo, enquanto o outro também era atacado pela vítima. O homem e os militares teriam seguido em luta até o outro lado da via. De acordo com a BM, durante a luta, a vítima teria tentado tirar a arma do policial. Foi então que o PM, primeiramente agredido, efetuou o disparo que atingiu a vítima na altura do abdômen. Os policiais encaminharam o jovem até o Hospital Candelária, onde teria chegado com vida, mas acabou não resistindo.

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