Candelarienses guardam mais de 10 milhões em casa

De acordo com a Receita Federal de Santa Cruz do Sul, fortuna é armazenada por 53 contribuintes candelarienses

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Operação Tio Patinhas investiga a origem dos valores em espécie a fim de identificar possíveis crimes. Foto: Divulgação/JC

Em uma época em que os fundos de investimentos são amplamente diversificados, é difícil acreditar que ainda exista quem prefira não aplicar o dinheiro em algum deles. Todavia, é grande a parcela da população optante pela retenção de valores. Recentemente, a Receita Federal revelou que os gaúchos guardam milhões de reais nas suas próprias casas. Entre eles, 53 contribuintes candelarienses.

De acordo com informações da Delegacia da Receita Federal de Santa Cruz, a quantia mantida pelos moradores locais em suas residências totaliza R$ 10.523.072,80, considerada extremamente alta para um município do porte de Candelária. Ao realizarmos a divisão pela quantidade de candelarienses contabilizados, daria uma média de R$ 198.548,54 para cada um, embora os valores armazenados não sejam iguais. Apesar de sucessivas tentativas ao longo da semana, o titular do órgão, o auditor fiscal, Leomar Padilha, não foi encontrado pela reportagem para comentar individualmente os casos relacionados ao município.

Nos 69 municípios abrangidos pela jurisdição santa-cruzense, 2.645 contribuintes declararam impressionantes R$ 579 milhões, guardados em casa. Um morador de Montenegro se destacou pelo fato de armazenar uma fortuna de R$ 12 milhões em sua propriedade. No Rio Grande do Sul, 36.860 contribuintes gaúchos informaram na declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física entregue neste ano, deter dinheiro em espécie, em casa. Juntos, eles possuem R$ 8,6 bilhões em espécie.

Operação Tio Patinhas

Esse volume levou a Receita Federal a desencadear a operação denominada “Tio Patinhas”, para investigar a origem dos valores, bem como se poderiam ser utilizados para esquemas de corrupção ou lavagem de dinheiro. Os trabalhos iniciaram pela Serra Gaúcha, região que concentra os maiores acumulados, e já foram estendidos para outras cidades. Existe a suspeita de que parte dos valores podem ser fictícios.

Nas últimas semanas, o órgão tem notificado cada contribuinte, via caixa postal eletrônica, para a possibilidade de terem que comprovar os valores.A intenção é alertar para quem declarou e não possua o valor, para retificar a declaração. É importante destacar que não há irregularidade em guardar altas quantias em casa. Todavia, o contribuinte precisa estar ciente do quão fundamental é ter que justificar a a origem do dinheiro, além da correta tributação.

Se forem detectadas irregularidades, o cidadão pode sofrer sanções tributárias como multa de 75% a 225% sobre o valor do imposto de renda, além de uma representação fiscal para fins penais ao Ministério Público. Essa é a segunda etapa da Operação Tio Patinhas, cuja primeira edição ocorreu em Santa Catarina em 2018 e investigou cerca de 1,4 contribuintes. Após a operação ser deflagrada, o dinheiro em espécie declarado no estado caiu pela metade na declaração posterior. A denominação se dá justamente pelo fato de o famoso personagem da Disney guardar a maior parte da sua riqueza em seus próprios domínios e não em uma instituição financeira, além de ser sempre vigilante.

Confira os valores totais guardados em casa em outros municípios da região:

>> Lajeado (562 contribuintes): R$ 139.440.894,31
>> Rio Pardo (48 contribuintes): R$ 9.550.217,05
>> Santa Cruz do Sul (348 contribuintes): R$ 73.073.156,34
>> Sinimbu (seis contribuintes): R$ 972.000,00
>> Vale do Sol (três contribuintes): R$ 650.000,00
>> Venâncio Aires (172 contribuintes): R$ 33.461.033,38
>> Vera Cruz (20 contribuintes): R$ 4.014.021,47
>> Candelária (53 contribuintes): R$ 10.523.072,80

Neste relatório, foram levadas em conta apenas os municípios nos quais a soma das quantias armazenadas pelos contribuintes ultrapassam a faixa de R$ 100 mil.

* Fonte: Receita Federal de Santa Cruz do Sul

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