O velho golpe da máquina de fazer dinheiro voltou a ser aplicado e fez ao menos uma vítima em Candelária. Conforme informações repassadas pela delegada Alessandra Xavier de Siqueira, um produtor de 42 anos, residente no interior de Candelária, acabou sendo vítima do estelionato. O fato teve início no mês de maio quando o agricultor foi induzido por duas pessoas bem vestidas que marcaram um encontro com ele em um hotel de luxo em Santa Maria onde mostraram para a vítima o processo de fabricar dinheiro como demonstração para que a vítima acreditasse ser verdadeiro.
Dias depois, os dois suspeitos vieram até a casa do produtor onde repetiram o procedimento com o uso de R$ 600 mil sacados pelo produtor, que foram colocados em uma caixa com produto químico para a suposta multiplicação das notas. Os golpistas levaram a vítima até o banheiro e informaram que no dia seguinte o valor seria multiplicado. Ao abrir a caixa após o processo 24 horas depois, o agricultor candelariense se deparou com papéis brancos e sem o dinheiro, que acabou desaparecendo. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Candelária.
QUADRILHA ESTÁ AGINDO NO INTERIOR
A prática de usar uma caixa e deixar o dinheiro de molho por 24 horas foi tema de reportagem no Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (3). Conforme a reportagem, uma quadrilha está agindo em oito estados. Essa aproximação da quadrilha com os candidatos a cair no golpe envolve uma rede de bandidos espalhados pelo interior do país. Para impressionar, os criminosos estão sempre muito bem vestidos, andam em carros de luxo e dizem que possuem contatos com pessoas influentes em Brasília na Câmara dos Deputados, Casa da Moeda e Receita Federal. As vítimas só precisariam pagar de volta 50% a 60% do que ganhassem na multiplicação de notas.
Há dez dias, quatro integrantes da quadrilha foram presos em Goiânia e São Paulo. Um ainda está foragido. Todos já tinham passagens pela polícia por praticar golpes. O líder dos criminosos era José Lúcio Antunes Costa. Na casa dele, foram encontrados relógios, joias, HDs externos e cartões de crédito, além de pilhas de dinheiro. Notas verdadeiras e falsas.
Como funciona o golpe
– Com data e local marcados, a quadrilha preparava duas caixas com placas de vidro e a lateral forrada de algodão. Uma caixa ficava com muito papel branco e poucas notas verdadeiras por cima e por baixo, para dar impressão de estar cheia de dinheiro. Mas essa caixa era escondida.
– A outra caixa era levada vazia para ser preenchida com o dinheiro vivo entregue pela vítima
– Na escuta, dá para ouvir o criminoso combinando um código para a vítima sobre o valor que ia levar. Essa informação era importante para que a caixa com papel tivesse o mesmo volume da caixa só com dinheiro vivo
– Já no local combinado, os criminosos mostravam a caixa vazia onde a vítima tinha que colocar o dinheiro. Um laboratório era montado para impressionar. E os bandidos inventavam um motivo para aplicar produto químico nas notas verdadeiras. Eles alegavam que o dinheiro era muito sujo e que era necessário limpar para fazer uma transformação e a multiplicação das notas.
– A etapa seguinte era arrumar uma desculpa para afastar a vítima da caixa que ela tinha enchido de dinheiro. Quase sempre, os golpistas pediam ajuda para encher um isopor com o produto químico falso no banheiro.
– A caixa falsa era colocada dentro do isopor para ficar de molho até o dia seguinte. Na sequência, os criminosos iam embora com a caixa cheia de dinheiro escondida, dizendo que voltariam depois com a máquina para fazer a multiplicação das notas. E desapareciam.
– Ao abrir a caixa após 24 horas para ver se o dinheiro havia multiplicado, as vítimas se deparavam com papeis brancos e sem o dinheiro real, que é levado pelos criminosos.
(Com informações da página do Fantástico no G1)