
Um anúncio pegou de surpresa grande parte da população brasileira no último dia 14. Após cinco anos de parceria, o governo de Cuba decidiu pelo fim da participação no programa Mais Médicos. Autoridades do país caribenho rechaçaram a intenção do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de modificar o acordo, exigindo a revalidação do diploma no Brasil e a contratação individual.
Os cubanos do Mais Médicos recebem apenas parte do valor da bolsa paga pelo governo brasileiro, o que não acontece com os médicos brasileiros e de outras nacionalidades. Neste caso, a vinda dos profissionais foi permitida por meio de um acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), e não individualmente.
Em respeito ao contrato, o governo brasileiro paga todo o valor à Opas, que, por sua vez, faz o repasse para o governo cubano. Apenas um quarto da quantia vai para o bolso dos profissionais. O retorno dos 8 mil profissionais que trabalham no país será gradual, de acordo com a região. Esse processo está previsto para ser encerrado antes mesmo do Natal.
Essa situação preocupa as comunidades e gera incertezas a respeito do futuro dos atendimentos. Desde o início do Mais Médicos, Candelária contou com o trabalho de dois profissionais, embora tenha ocorrido uma troca durante esse período. Atualmente, os médicos Lenin Gonzalez e Yenisel Urrutia Aguirre atendiam, respectivamente, nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs) dos bairros Marilene e Rincão Comprido.
A reportagem obteve autorização da secretaria de Saúde para entrevistar os profissionais. Todavia, o médico Lenin Gonzalez optou por não conversar conosco, alegando que não tinha nada a declarar sobre o caso. O mesmo aconteceu com a médica Yenisel Urrutia. Eles prestaram atendimento pela última vez na terça-feira (20), mas ainda permanecem no município.
SOLUÇÕES TEMPORÁRIAS
Segundo a secretária municipal de saúde, Sandra Gewehr, a pasta foi comunicada pelo

Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS) no fim da tarde de terça-feira de que os profissionais não poderiam mais atuar no país. Com o encerramento do vínculo entre Brasil e Cuba no Mais Médicos, os médicos tiveram seu visto e autorização para trabalho expirados.
Dessa forma, a permanência deles no país configuraria ilegalidade. A orientação foi repassada aos profissionais, que iniciaram imediatamente os procedimentos de volta à Cuba. Como forma de respeitar o trabalho executado por Lenin e Yenisel ao longo do tempo, a administração municipal ajudou os profissionais nas despesas em relação ao translado até o Aeroporto Internacional Salgado Filho e nas questões referentes à devolução dos imóveis alugados em que eles viviam.
Em um primeiro momento, será feita uma escala de atendimento (veja quadro) para suprir a ausência dos médicos cubanos. Até que novos médicos sejam contratados, Sandra garantiu que ninguém ficará desassistido.
Escala de atendimento nas ESFs até a chegada dos novos médicos
ESF Bairro Marilene
Segunda – Tarde – Dr. Vinícius
Terça – Manhã – Dr. Rodrigo
Quarta – Manhã – Dr. Rodrigo
ESF Bairro Rincão Comprido
Terça – Tarde – Dr. Eduardo
Quarta – Tarde – Dr. Eduardo
Quinta – Manhã – Dr. Vinícius