Sem poder atender clientes nos ateliês por causa da pandemia de coronavírus, costureiras de Candelária resolveram inovar e conseguiram enxergar na dificuldade econômica um novo nicho de mercado. Com a falta das máscaras descartáveis nas farmácias e distribuidoras, as profissionais da costura passaram a produzir o item em tecido e ajudam a comunidade a afastar o risco de infecção e a se proteger da iminente chegada da covid-19.
Este é o caso da costureira Angela Michel, proprietária do Ateliê da Costura, que trabalha com a confecção de diversos tipos de roupas e consertos.
O estabelecimento, localizado na Avenida Marechal Deodoro, nº 1124, estava fechado devido aos decretos lançados no último mês, porém, na semana passada, com a grande procura de interessados em adquirir as máscaras de tecido, voltou a funcionar – em regime interno – e a confeccionar em larga escala os produtos de proteção.
As máscaras são feitas em TNT e também em tecido de algodão duplo. Angela estima que, por dia, confecciona cerca de 500 itens, boa parte deles são feitos por encomenda via Whatsapp, e comercializados em Candelária, e nas cidades vizinhas onde há casos confirmados da covid-19, como Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul. Clientes de Sobradinho também já fizeram a encomenda das máscaras . Os itens feitos de TNT são vendidos a R$ 2,00 cada, enquanto que os de algodão saem ao preço de R$ 5,00.
A produção se divide entre duas costureiras que aprenderam a confeccionar as máscaras por meio de vídeos na internet. São diversos modelos, cores, tamanho e estampa fabricados conforme o pedido da clientela, que não para de crescer. De acordo com a proprietária, também são feitas doações para pessoas que estão sofrendo necessidades no período da pandemia. “É uma situação triste, muita gente acabou ficando desempregada e não tem como arcar com essas proteções, então fazemos a nossa parte e doamos a essas pessoas”, destacou Angela.
Crise deu espaço à oportunidade
Com a agenda cheia o ano todo, a costureira Geraci Karnopp viu o seu negócio virar do avesso, em poucos dias. Acostumada com grandes confecções durante o ano para suprir a demanda de uniformes escolares, ela teve que interromper as suas atividades em função da pandemia de coronavírus. No entanto, desde o dia 1º de abril, encontrou na produção das máscaras uma alternativa para voltar a arrecadar e pagar as contas do mês. “A gente fechou de uma hora pra outra, continuamos a fazer algumas costuras para terminar encomendas que já estavam na fila, mas após muitos pedidos e também por necessidade, resolvemos abrir, confeccionar as máscaras e manter uma produção para conseguir pagar as despesas”, comenta Geraci.
As máscaras são produzidas para diversos públicos e gostos. Há modelos em cores tradicionais, como preto e branco, também coloridas e especiais feitas para crianças, com estampas temáticas que já fazem sucesso com os pequenos. Ao todo, já foram vendidos 220 itens que podem ser encontrados à pronta-entrega ou também por encomenda via facebook ou por telefone.
As máscaras são confeccionadas, atendendo recomendação do Ministério da Saúde, apenas com tecido 100% algodão e vendidas ao preço de R$ 5. Para Geraci, o produto se tornou essencial na prevenção ao novo coronavírus, além disso, o valor do acessório se torna bem acessível, pois após o uso pode ser lavado e higienizado e usado novamente, ao contrário das máscaras descartáveis que possuem valor equivalente. “Nessa crise que a gente está vivendo, não adianta eu querer colocar um preço muito alto. Não há necessidade de nos aproveitarmos, então colocamos um preço baixo e justo tanto para nós, que precisamos adquirir o material como para nossos clientes”, destaca.
