
Dizem que ser mãe é ter um coração batendo fora do peito. Mas quantas mães imaginaram esse coração batendo tão longe, em outro país, outro continente? A rotina passa a ser de fusos horários contrários, climas diferentes, saudade constante. As noites mal dormidas voltam a ser comuns. Mas a felicidade de perceber a realização de sonhos antigos vale a sensação de vazio. Mais que as dificuldades de lidar com a distância, prevalece o orgulho de ser mãe de uma pessoa corajosa.
Mala pronta para matar a saudade
A despedida no aeroporto foi no dia 20 de fevereiro, mas a saudade já está fazendo a professora aposentada Neusa Vinhas contar os dias para reencontrar a filha Izabel, que está morando na Irlanda. Ela vai viajar para o país nórdico na próxima semana para sentir o “calorzinho” da filha. “A maior dificuldade nessa distância é se acostumar a compartilhar os momentos somente virtualmente”, apontou.
As fotos publicadas na internet , aliás, transformam a sensação de ausência em orgulho. “As pessoas vivem me perguntando: como está a Bel? Vi fotos dela. É muita felicidade poder vê-la feliz da vida, mesmo que seja pelo celular”, disse. De acordo com Neusa, o que mais sente falta é de poder cuidar da filha, mas já imaginava que a distância poderia se concretizar, pois morar fora do Brasil é um sonho antigo de Izabel e ela tem afirmado que não pretende voltar tão cedo.

A família, que mora em Sobradinho, já está se acostumando com a ideia e com o fuso horário, que tem diferença de quatro horas. “O grupo da família, no WhatsApp, às vezes fica confuso, uns “bom dia” quando é de tarde e assim vai. Mas, no geral, nos comunicamos muito bem”, pontuou. A preocupação é basicamente aquela que todas as mães têm: será que está bem agasalhada?
Mas não vai ser só para alcançar o casaco para a Bel que a Neusa vai até a Irlanda. O país integra um roteiro que vai incluir Escócia, Inglaterra e Holanda. “Vamos ficar hospedados na casa dela, na Irlanda, por alguns dias. Depois seguimos viagem e a Bel nos encontra em Londres e em Amsterdã. E aí, é voltar para o Brasil”, explicou.
Internet se tornou ponte
“O bom de ter duas filhas é que uma sempre está perto”, brincou a empresária Meire Spiazzi Mundstock, que vive as dores e os prazeres de conviver por aqui com a filha Nicole, de 22 anos, e de longe com a mais velha, Giulia, de 25 anos, que mora na Austrália. Antes, era ao contrário: a mais nova morando em Portugal e a outra pertinho da mãe. “São experiências de vida, que elas correram atrás e, felizmente, pudemos ajudar elas a conquistar”, celebrou.
Em nenhum momento, Meire pensou em proibir as viagens. Segundo ela, a internet facilita a comunicação e acaba sendo uma ponte que liga as duas. “Eu não posso tocar, beijar, abraçar, mas nos falamos todos os dias”, afirmou.
Entre o Brasil e a Austrália há uma diferença de 14 horas no fuso-horário. Por isso, foi criada uma rotina entre Meire e a filha: “Se acorda, dá bom dia, se tá indo dormir, boa noite”, relatou. E se a conversa precisa ser mais longa? A mãe passa a noite em claro, porque lá na Austrália já é de manhã. Mesmo assim, fortaleceram a sintonia que já existia entre as duas. “Várias vezes falamos ao mesmo tempo, porque uma está pensando na outra”, contou.
Já são quase dois anos longe. Nesse meio tempo, Meire viajou uma vez para a Austrália e Giulia também já visitou a família.
E como vai ser o Dia das Mães?
Já é clichê dizer que Dia das Mães é todo dia. É claro que a valorização diária, com pequenos gestos, é importante, mas aquele segundo domingo de maio tem, sim, uma magia toda especial. Ter uma filha longe nesta data parece ser um pouco dolorido. Para Meire, fica um espacinho vazio no coração. No entanto, segundo ela, Giulia sabe se fazer presente combinando surpresas com os amigos e familiares. Já Neusa diz que passar esse dia longe da filha não pode ser encarado como algo ruim. “Eu sei que ela está feliz”, afirmou.