
Morador da área urbana de Candelária, há cerca de três anos Rudi Gelsdorf começou a dividir seu tempo entre a casa onde reside com o filho André e outra, que fica na Linha do Rio. Essa mudança se deu após a esposa, Valdívia Isoldi Gelsdorf, falecer em novembro de 2022, depois de 13 anos batalhando contra o câncer. Hoje, ao sentar para tomar chimarrão na sua casa na cidade, Rudi é cercado por memórias da mulher amada — e quando a saudade faz doer o peito, que tem uma cicatriz não apenas interna, mas externa também, pois ele infartou aos 48 anos, o viúvo vai para a Linha do Rio, onde é cercado por gado, galinhas e cachorros, além das plantações de milho, soja e fumo.
Apesar de já estar com 79 anos e aposentado, Gelsdorf ainda é uma pessoa muito ativa e, além de ser agricultor, também trabalha como motorista. Com o seu caminhão, ele vai até Canoas para o transporte de gás de cozinha.
A GRANDE ENCHENTE
Quando as águas do Rio Pardo invadiram as terras de Gelsdorf, ele estava justamente em viagem. Só dois dias depois da chuvarada conseguiu ver o estrago em sua propriedade, passando com o caminhão por uma via ainda alagada. Em sua casa, a água chegou na altura da janela. Na lavoura, levou embora dois hectares de milho para silagem — por sorte, a parte da plantação de milho para outro fim já havia sido colhida, bem como toda a soja. “Estava crítico, tudo cheio de barro”, lamenta o agricultor, que teve auxílio para limpar tudo na residência.
APÓS TRAGÉDIAS, RUDI MANTÉM VITALIDADE E SEGUE FORTE
Como o milho para silagem foi todo embora, o agricultor precisou comprar a silagem de fora. “Eu fiquei sem trato para o gado, acho que comprei uns R$ 10 mil de silagem para o meu gado”, lembra ele, que emenda: “Agora que o potreiro começou a povoar com grama. Não tinha grama porque tapou tudo com terra”.
No ano passado, após a enchente, foi colocado bastante adubo e salitre para plantar. “A minha safra deu um pouco mais da metade que deu no ano passado”, avalia. A soja plantada no terreno mais baixo caiu em produção de cerca de 120 para 70 sacos. O cultivo do fumo, que é arrendado e Gelsdorf fica com parte da colheita, foi o único que se manteve bem, pois, segundo o agricultor, a área de plantio ficou adequada para a plantação.
TOCANDO O BARCO
Apesar de perder a companheira de mais de 50 anos de casados, ser atingido pela enchente e ter tido tantos outros problemas, Gelsdorf mantém a vitalidade e diz que está forte, trabalhando e “tocando o barco pra frente de novo”. Para isso, conta com apoio dos filhos André, Nadir e Nádia, além de três netos e um bisneto.
