A compostagem como aliada do meio ambiente

Iniciativa é amplamente difundida no curso Técnico em Agronegócio da Escola Estadual Gastão Bragatti Lepage

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Construída diretamente no solo, uma das composteiras alterna camadas de materiais orgânicos e palha. Fotos: Marcel Lovato/JC

Diminuir o acúmulo de resíduos, o mau cheiro nas lixeiras e nas ruas e aumentar a vida útil de aterros sanitários. Essas são apenas algumas das vantagens da compostagem. A técnica consiste na transformação da matéria orgânica do lixo em adubo orgânico e contribui para o meio ambiente como um todo.

Em Candelária, a iniciativa é bastante difundida na Escola Estadual de Ensino Médio Gastão Bragatti Lepage, por meio do curso de Técnico em Agropecuária. Coordenados pelo professor José Luiz dos Santos Júnior, os alunos aplicam os conhecimentos por meio do manejo e monitoramento de Composteiras, estruturas apropriadas para a realização do processo. O projeto é realizado desde o ano passado.

Os estudantes da 2° série do ensino médio, Bárbara Giovana da Rocha e Gabriel do Couto Spalding, são os principais colaboradores. Eles afirmaram que a reciclagem do adubo orgânico é extremamente prática, pois pode ser feita até mesmo em pequenos espaços. “De modo geral, a economia é muito grande. Além disso, dá uma nova destinação aos materiais que certamente seriam descartados”, destacam os estudantes.

A ideia surgiu a partir de um intercâmbio realizado pelo professor em terras francesas há alguns anos. Na cidade de Mayenne, na região de Pays de La Loire, José conheceu o processo de compostagem dos resíduos de podas de árvores da cidade francesa. Após a transformação, é vendido como insumo a ser utilizado na produção orgânica certificada. Com base nessa experiência, houve a adaptação para nossa realidade.

Processo de decomposição

Após a decomposição – que pode tanto ser feita por microrganismos quanto por minhocas californianas -, os resíduos são transformados em húmus, em torno de 20 quilos semanais. O produto, então, é aplicado na horta, plantas e canteiros mantidos no amplo terreno da escola e atua como fertilizante natural, além de possuir uma qualidade superior aos tradicionais. No caso do Lepage, a opção foi pela Minhocultura.

De acordo com José, a escolha das minhocas californianas se justifica pelo fato delas produzirem enzimas melhores que a espécie comum. Elas trabalham em conjunto por conta do comportamento grupal. Assim, o material do húmus será mais consistente e renderá resultados superiores. Leva-se também em conta o fato de produzirem chorume, que pode tanto ser utilizado para adubação quanto repelente.

Contribuição do solo

As composteiras existentes no Lepage são mais simples, construídas com madeira e tijolos, diretamente no chão. Nelas, o depósito dos resíduos é feito por camadas alternadas de material de origem somente orgânica e palha. A palha pode ser substituída por serragem ou folhas secas, por exemplo. Entre elas, as minhocas realizam o trabalho. Se tudo for feito corretamente, é possível utilizar o húmus a partir de 40 dias após a introdução dos elementos.

José destaca que a qualidade de vida do solo melhora significativamente com a introdução do húmus. Se uma horta receber o composto, por exemplo, a tendência é de que haja um aperfeiçoamento dos alimentos durante o desenvolvimento. A consequência disso é o aumento da qualidade e da saúde de quem vai consumi-los. Plantas também crescem com mais vigor e beleza. Ou seja, o húmus atua como um fertilizante.

A única lamentação é que o projeto não possa ser ampliado da forma que gostaria. “Existe uma burocracia muito grande para se conseguir o licenciamento ambiental. Para que haja uma expansão dessa iniciativa, seria necessário também um investimento do Estado, que dificilmente vai acontecer”, finalizou o professor.

Saiba mais

O que pode e não pode ser colocado em uma composteira

>> Resíduos aceitos

– Frutas, legumes, verduras, grãos e sementes;
– Saquinhos de chá, erva de chimarrão, borra de café e de cevada (com filtro);
– Sobras de alimentos cozidos ou estragados (sem exageros) e cascas de ovos;
– Palhas, folhas secas, serragem, gravetos, palitos de fósforo e dentais, podas de jardim;
– Papel toalha, guardanapos de papel, papel de pão, papelão, embalagem de pizza e papel jornal;

>> Resíduos vetados

– Qualquer tipo de carnes de qualquer espécie;
– Casca de limão;
– Laticínios, óleos, gorduras;
– Papel higiênico usado;
– Fezes de animais domésticos;
– Excesso de frutas cítricas (laranja, mexerica, abacaxi, etc);
– Sobras de comidas que contenham muito sal, alho e cebola.

Basicamente, a composteira doméstica consiste em três caixas plásticas empilhadas, sendo uma com tampa, para compor os andares (camadas). É preciso fazer pequenos furos nas duas primeiras unidades para que haja a diluição dos resíduos e as minhocas possam se movimentar. Na sequência, o processo é semelhante ao realizado na compostagem do solo.

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