
Há uma semana, o Jornal de Candelária noticiava a premiação de Gestor Público 2019 para um projeto que tem chamado a atenção dos moradores e de quem visita o município regularmente: o Ambienta Candelária, iniciativa criada em junho deste ano e que introduziu a coleta seletiva, ecopontos para descarte de resíduos recicláveis, entre outras ações.
Apesar do reconhecimento a nível estadual, uma situação nada agradável de um aterro de lixo irregular foi apresentada por alguns vereadores na última sessão da Câmara, realizada na segunda-feira (11). O controverso tema chegou até os parlamentares através de denúncias de moradores que residem próximo ao local onde o lixo irregular está sendo depositado, e provocou críticas à atuação do projeto Ambienta Candelária. Mas o que desperta mais atenção é que o terreno, com cerca de 10 hectares, usado para o descarte irregular, pertence à prefeitura, e está situada na Linha Boa Vista, próximo à Cosuel e ao arroio Laranjeiras.
O JC foi conferir a denúncia e o que encontrou era pior do que se havia comentado. Logo no início da estrada, já foi possível visualizar o lixo seco espalhado e aparente no barranco da via, muito dele já misturado com o solo e enterrado. Foram encontradas garrafas pet, pedaços de vidros, latas de refrigerante e café, além de plásticos, baldes quebrados e até um chinelo de pelúcia, tudo isso há poucos metros do arroio Laranjeiras.


Mais adiante pela mesma estrada, outro cenário, desta vez provocada por um único funcionário da prefeitura que trabalhava em sua máquina: a abertura de uma nova passagem e uma área grande de retirada de árvores, terra e mais materiais da natureza. As árvores, inclusive, estavam todas cortadas em metro, como se fossem ser comercializadas.
“ESTÁ TUDO DE ACORDO”
O diretor do Departamento de Meio Ambiente (Dema), Albino Gewehr, declarou que todo o trabalho que vem sendo realizado na área alvo de denúncias está licenciado pela município, de acordo com a legislação estadual e federal, e que o local deverá ser usado como retirada de saibro e futuro depósito de podas de árvores. “Está tudo de acordo. Há um funcionário da prefeitura autorizado lá para fazer a retirada de terra de um espaço de cerca de um hectare da área, o qual vai ser utilizado posteriormente para retirada de saibro que será usado nas ruas que receberão pavimentação, como a Intendente Albino Lenz, e mais adiante para o depósito de galhos de podas que vierem a ocorrer no município”, explica. No local, segundo Gewehr, ainda devem ser feitos taludes com terra e a colocação de uma cerca de delimitação da área.
Sobre as árvores cortadas, o diretor explica que tudo faz parte de uma parceria com os agricultores responsáveis pela limpeza da área, os quais também plantam no local. “É uma contrapartida, eles estão autorizados a fazer o serviço de limpeza da área, o que inclui o corte de mudas de eucalipto para consumo próprio, que após o corte, podem fazer o que bem entendem. Até a prefeitura já realizou a retirada de algumas árvores maiores para reaproveitamento em construções de pontes no interior”, salienta.
Segundo o diretor do Dema, o desmatamento de árvores nativas também tem ocorrido para abrir espaço ao novo depósito. Estas, porém, são feitas pela própria prefeitura e não são reutilizadas em outros locais ou por agricultores, mas colocadas como uma primeira camada antes do saibro para que voltem a crescer.
O LIXO
>>A colocação de resíduos no terreno da prefeitura – que posteriormente será usado de depósito de podas de árvores – não são de conhecimento do diretor do Dema, que prometeu verificar a situação. “Até esses dias fomos lá e não vimos qualquer tipo de lixo. Mas tudo indica que algum morador possa ter colocado o lixo lá, mas se for o poder público, vamos verificar e abrir sindicância para investigar a situação”, afirma.