Em torno de 400 pessoas participaram do 19° Encontro Municipal de Troca-Troca de Sementes Crioulas, ao longo da última quarta-feira (12). Grupos de aproximadamente 30 localidades do interior candelariense trouxeram os mais variados tipos de sementes e mudas que deram um colorido especial para o Salão Paroquial da Comunidade Católica. O tema da edição deste ano foi “Agroecologia, Comunidade, Família, Semente e Alimentação Saudável”.
Durante a manhã, as delegações foram recepcionadas com um café de manhã, oraram com o momento espiritual, assistiram a uma palestra alusiva ao tema do evento ministrada pelo padre Osmar Copi, debateram sobre os assuntos e prestaram atenção aos pronunciamentos. O secretário municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Pesca, Marco Treichel, destacou que a importância do evento está no conceito sustentável da troca das sementes e na continuidade do meio ambiente para as futuras gerações. Além disso, sublinhou o compromisso da pasta com o desenvolvimento das atividades rurais e se colocou à disposição dos produtores.
O chefe do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar), Sanderlei Pereira, celebrou a longevidade do evento e a ampla presença feminina na plateia, o que mostra a amplitude do envolvimento delas com as culturas e a forte influência exercida. Por sua vez, o prefeito Paulo Butzge exaltou a iniciativa, explicando que Candelária é um dos poucos municípios gaúchos que realiza essa atividade de integração. Ele citou que é uma oportunidade para compartilhar experiências e transmitir conhecimento entre os participantes.
Segundo o diretor do departamento de Meio Ambiente, Albino Gewehr, os grupos do interior são os guardiões da biodiversidade. Eles realizam um intenso trabalho de resgate das sementes e mudas. A partir disso, fazem testes e a melhorias baseadas na adaptação aos tipos de solo e condições climáticas. O que sobra disso, então, é levado para o troca-troca e passado adiante. “Um evento desse porte passa por muitas mãos e mentes para que tudo saia da melhor forma. Estamos mais uma vez satisfeitos com tamanha adesão”, salientou Albino.
Variedade e preservação
Moradora da localidade de Roncador, a agricultora Lúcia Rech participa há oito anos do “Troca-Troca” e ressaltou que sempre marca presença porque todos os anos são oferecidas novas opções. “Nós temos a oportunidade de conhecer plantas diferentes e diversificar as culturas até porque o clima muda conforme a região do município”, salientou. Um exemplo citado é o do “Agrião do Banhado”, cujo desenvolvimento é limitado.
O estudante de Agronomia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), de Cachoeira do Sul, Gabriel Zanotto, é integrante do Grupo de Ecologia Gaia e explicou que todos os anos ocorre a participação com diferentes membros. Para o jovem, é fundamental preservar as sementes e incentivar a manutenção das técnicas de manejo.
Novidades
Algumas atrações foram especialmente pensadas para diversificar a programação. Ocorreram oficinas e orientações sobre saneamento básico rural, funcionamento de biodigestores, podas de árvores frutíferas, compostagem, Aquífero Guarani e a realização do primeiro concurso do Mel do Roncador.
Nesse sentido, um júri formado por agricultores, técnicos da Emater e do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), membros da Pastoral da Terra e servidores da prefeitura municipal avaliou sete amostras produzidas por apicultores da localidade. Eles levaram em conta o aroma, a textura e a cor do produto. Os três vencedores foram Amaury Slim de Almeida, Ivan da Rosa e Ademar Ullmann. Eles receberam kits da Afubra com mudas de espécies nativas e exóticas.
Conforme o engenheiro agrônomo do Capa, Luiz Rogério Boemeke, a qualidade sensorial do produto foi levada em conta. O objetivo é dar visibilidade aos produtores, com um impulso nos negócios e fazer com que a população tenha conhecimento da atividade. Para o futuro, a intenção é ampliar para mais localidades até que seja criado um concurso municipal de apicultores.
O “Troca-Troca de Sementes Crioulas” é uma realização da prefeitura municipal, Emater/RS-Ascar, Secretaria Municipal da Agricultura, Meio Ambiente e Pesca, Pastoral da Terra, Capa, Conselho Municipal do Meio Ambiente e Igreja Católica de Candelária.