14 candelarienses caem no golpe da criptomoeda

Fraude praticada por empresa de Novo Hamburgo deixou prejuízo de R$ 105 mil no município

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Candelarienses teriam investido em moeda virtual com promessa de altos lucros. Divulgação/JC

O golpe de captação de dinheiro num esquema de pirâmide financeira praticada pela empresa InDeal Consultoria de Mercados Digitais, fez 14 vítimas em Candelária. A fraude executada pela empresa com sede em Novo Hamburgo lesou investidores de 288 cidades do Rio Grande do Sul, com a promessa de lucros de 15% para quem investisse em criptomoedas – uma espécie de dinheiro digital. Na região do Vale do Rio Pardo, a InDeal faturou R$ 105 mil somente em Candelária.

Em Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz, os valores captados foram mais avultantes. Na lista divulgada pela Receita Federal, a vizinha Santa Cruz aparece na oitava posição entre as cidades onde a empresa mais captou recursos, cerca de R$ 17,5 milhões. No total foram lesados 1.164 santa-cruzenses. Porém, segundo estimativa da Receita Federal, o grupo pode ter arrecadado cerca de R$ 1 bilhão.

Como funcionava

Os supostos golpistas atraíam as vítimas e prometiam retorno de 15% sobre o valor investido. A alegação era de que a quantia seria aplicada na compra de criptomoedas. Num esquema de pirâmide, a vítima teria ainda 5% de vantagem se indicasse mais participantes.

E se quisesse se juntar a empresa para captar mais investidores, a pessoa poderia contabilizar de 2% a 3% a mais de lucro. Para transparecer que o negócio era lícito, os donos da empresa faziam um contrato reconhecido em cartório, após esse trâmite a vítima depositava o dinheiro. Contudo, os valores arrecadados das vítimas eram usados na aquisição de bens e outros investimentos dos proprietários da InDeal.

Investigação

O caso vinha sendo investigado pela Polícia Civil, Polícia Federal e a Receita Federal desde janeiro desse ano. Mas foi na terça-feira da semana passada que ocorreu uma ofensiva contra a empresa, quando foram cumpridos dez mandados de prisão e outros 25 de busca e apreensão. A operação aconteceu em cinco cidades do Rio Grande do Sul, e se estendeu aos estados de Santa Catarina e São Paulo. Durante a Operação Egypto, deflagrada no dia 21 deste mês, a polícia apreendeu 36 carros de luxo, entre os quais uma Ferrari avaliada em R$ 680 mil, que deverão ir a leilão. Os 10 presos – entre sócios, esposas de sócios e colaboradores – seguem detidos.

A empresa será denunciada pelos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa.  A InDeal, em comunicado aos clientes, afirmou que não há provas contra a empresa e as informações estão sendo noticiadas apenas para criar um cenário “de terror e medo”. Mas reforçou que todos os clientes serão ressarcidos com os devidos ganhos de capital até o momento do saque. O prazo dado foi de 90 dias para clientes que já haviam solicitado o saque e de 120 dias para novas solicitações.

Entenda

O que são criptomoedas ?

Se você acompanha o mercado financeiro, já deve ter notado a ascensão da criptomoeda. E, acredite, ela vai muito além de uma moeda digital. Da mesma forma que a moeda física possui números de série, marca d´água e outros dispositivos de segurança, a criptomoeda utiliza criptografia, ou seja, códigos difíceis de quebrar, para garantir transações muito mais seguras.
A criptomoeda é um código virtual que pode ser convertido em valores reais. Sua negociação se dá pela internet, sem burocracias, caracterizada pela ausência de um sistema monetário regulamentado e da submissão a uma autoridade financeira (por exemplo, o Banco Central do Brasil). Pioneira no segmento, o Bitcoin é, atualmente, a criptomoeda mais famosa e conhecida do mundo.

Quanto vale o Bitcoin?

O Bitcoin, a primeira e mais famosa criptomoeda, ao ser criada, em 2009, custava US$ 0,39. A maior alta ocorreu em 2017 quando a moeda subiu para US$ 20 mil. Nessa semana, o Bitcoin estava valendo R$ 35 mil.

Confira a dimensão do golpe na região

Candelária — R$ 105.214,02 — 14 vítimas
Rio Pardo  —  R$ 240.294,87 — 29 vítimas
Santa Cruz do Sul — R$ 17.563.992,13 — 1.164 vítimas
Vale do Sol — R$ 42.002,89 — 8 vítimas
Venâncio Aires — R$ 7.826.131,57 — 583 vítimas
Vera Cruz — R$ 728.155,55 — 85 vítimas
Passo do Sobrado — R$ 423.061,44 — 21 vítimas
Sinimbu — R$ 119.016,69 — 16 vítimas

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