Beijos e abraços no lugar de beliscões

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Sérgio Almeida

No fim de semana, em São Paulo, eu conheci as irmãs Alencar. Fabrícia, Fázia, Fabíola, Francíria, Fábia e Filomena são moradoras da cidade de Crato, no Cariri cearense (conhecido como o “Oásis do sertão”), e costumam viajar juntas pelo menos uma vez por ano.

Quem acompanha essa coluna semanalmente talvez lembre a história dos irmãos Almeida que, a cada aniversário de um deles, se reúnem na casa do aniversariante para jogar o solo. Meu pai Benemídio e meus tios Antonino, Ernane, Joaquim e Jornandes, depois de um churrasco de “lamber os beiços”, se reúnem ao redor da mesa para, com nostalgia, reviver os tempos de guri.

Embora não tendo sido como os personagens bíblicos Esaú e Jacó que brigavam quando ainda estavam dentro do ventre de sua mãe Rebeca, qual filho “não deu trabalho” para os pais por ter dificuldades de lidar com os irmãos? Quando eu era criança e vivia a fase egocêntrica (quando é difícil compartilhar as coisas com os outros), meu pai me pegou no maior bate-boca com meu irmão Enaldo. O motivo? Uma simples vitamina de abacate com leite e açúcar que não queríamos dividir um com o outro.

Meu pai achou uma maneira de resolver rapidinho a situação: fez com que cada um tomasse um litro de vitamina de uma vez. Depois, com o dedo em riste, nos ensinou a importância de dividir. Uma atitude que evitou com que nos tornássemos adultos egoístas. E eu, durante anos, senti enjoo só de olhar para um pé de abacateiro.

O certo é que, ainda que brigas, disputas, conflitos, estapeamentos entre irmãos aconteçam durante a infância, quando eles se flagram adultos e começam a lutar contra o relógio, brota o desejo de passar mais tempo juntos, e substituir os beliscões doloridos dos tempos de criança por beijos e abraços bem apertados, carregados de amor.

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