
Desde outubro do ano passado, a rotina da adolescente Vitória Silva se divide entre aulas no Colégio Nossa Senhora Medianeira, pela manhã, e trabalho no Supermercado Imec, à tarde. Porém, duas vezes por semana, nas terças e quintas-feiras, ela vai para a sala de aula do Sine, onde aprende sobre vendas, logística, marketing e outros temas essenciais ao trabalho no comércio. Essa é a metodologia do Programa Jovem Aprendiz, que propicia a experiência do primeiro emprego a adolescentes a partir dos 14 anos.
É o caso de Vitória que, aos 16 anos, se vê orgulhosa pela conquista de ingressar no mercado de trabalho. Ela já se preocupa com o futuro e encara a oportunidade de ser uma Jovem Aprendiz como essencial para o currículo. “Praticamente todas as empresas pedem experiência na hora da contratação, agora eu já tenho uma. Além disso, eu estou construindo uma base de conhecimento, que vai tornar mais fácil conseguir o próximo”, avaliou.
Durante as aulas no programa Jovem Aprendiz, Vitória recebe conhecimentos teóricos que podem ser aplicados na execução da tarefa de empacotadora. O contrato como Jovem Aprendiz termina em novembro, devido à regulamentação do projeto, que não permite contratos mais longos do que 13 meses. “Eu gostaria muito de ser efetivada, porque eu já sei as minhas obrigações e gosto de trabalhar lá”, comentou.
O primeiro emprego serviu, também, para ultrapassar barreiras e limitações. Segundo Vitória, quando iniciou sua jornada, não gostava de atender ao telefone e chegava a passar a responsabilidade adiante. Agora, depois de seis meses, percebe a importância de executar a tarefa e da proatividade no ambiente de trabalho.
Autonomia
Além de todas as vantagens para a valorização do indivíduo, o trabalho também engrandece devido à remuneração financeira. Nesse sentido, o primeiro emprego, principalmente, representa autonomia e independência. Vitória Silva aproveita para comprar livros sobre política, assunto de interesse da adolescente. “Eu sou meio ativista, sempre querendo mudar o mundo. Eu acredito que se eu fizer a minha parte, eu posso mudar um pouquinho do mundo”, apontou.
No futuro, pretende ocupar a função de nutricionista. Ou de jornalista, a indecisão parece ser grande. “Mas eu acho que prefiro nutrição, pela importância da valorização da alimentação”, pontuou.
Projeto facilita acesso ao mercado de trabalho
O programa Jovem Aprendiz é uma iniciativa federal, com base na Lei do Aprendiz, que prevê que todas as empresas de médio e grande porte tenham aprendizes no quadro de funcionários. A metodologia mescla teoria e prática, de maneira que três vezes por semana os adolescentes vão à empresa e outras duas vezes tenham aulas. Em Candelária, elas acontecem no Sine, ministradas pela docente do Senac, Angélica Rodrigues Puntel.
Conforme a professora, as aulas servem para que os jovens aprendam sobre vendas, atendimento ao cliente, controle de estoque, organização do ponto de venda, entre outros temas, e apliquem na empresa onde trabalham. Além disso, eles também precisam aplicar os chamados projetos integradores, que consiste na realização de melhorias concretas no local de trabalho. Um dos projetos é uma pesquisa de satisfação com os clientes.
Não é porque os jovens frequentam o local de trabalho somente três vezes na semana que o emprego não é valorizado. Inclusive na carteira de trabalho fica registrada a experiência como Jovem Aprendiz. Essa é a segunda turma de Candelária, o que totaliza mais de 40 jovens inseridos no mercado de trabalho. A próxima turma está prevista para novembro e os interessados podem se inscrever no Sine ou diretamente nas empresas participantes.
Saldo positivo na geração de emprego
Em um panorama geral, a geração de empregos teve balanço positivo em Candelária entre janeiro e março deste ano. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), houve 423 desligamentos, contra 613 admissões – um saldo equivalente a 190 novas vagas. Ao todo, são 4.545 empregos formais. Desde o ano passado, esse número vem crescendo, em virtude do aumento da indústria e fomento do comércio candelariense.
Para a secretária de Indústria e Comércio, Gabriela Butzge, os chamamentos feitos pelo Sine de Candelária são importantes para que os trabalhadores possam se reinserir no mercado de trabalho. Além disso, ela notou um interesse exponencial dos jovens na procura pelo primeiro emprego. “Esse movimento é importantíssimo para o município, porque é um desenho de um futuro promissor pra Candelária”, finalizou.