Um passo revolucionário no futebol feminino

Primeira escolinha exclusiva para meninas iniciou os treinamentos em Candelária com objetivo de formar e empoderar

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Meninas têm a oportunidade de aprender desde pequenas o futebol e se prepararem para serem jogadoras. (Fotos: Matheus Haetinger/JC)

Que o futebol feminino ganha cada vez mais espaço no mundo esportivo, isso não é nenhuma novidade. Embora, ainda careça de incentivo financeiro e até mesmo moral, as mulheres estão a cada dia mais apaixonadas pelo esporte que desde os primórdios balança os corações dos brasileiros. Em Candelária, a realidade que nos últimos anos tem modificado a visão do futebol feminino com a disputa do Campeonato Municipal de Futsal, ganha mais um capítulo com um propósito revolucionário.

Trata-se da nova escolinha de futsal feminino da Associação Esportiva Flyboys, que iniciou os trabalhos no último dia 12 de março. Cerca de 25 meninas de sete a 15 anos já começaram os treinamentos, mas a meta da escolinha é encerrar o ano com pelo menos 40 meninas dessa faixa etária. O objetivo, segundo o coordenador e treinador da escolinha do Flyboys, Ricardo Ellwanger, é trabalhar com a capacidade física das meninas na idade de desenvolvimento motor das mesmas.

“Na nossa escolinha de basquete, por exemplo, os jogadores que ingressam aos 13 ou 14 anos conseguem desenvolver os fundamentos técnicos do jogo, mas acabam tendo muitas limitações na parte física e desenvolvimento físico inadequado. Isso acontece porque eles não tiveram uma preparação ainda na base, o que acaba limitando ele de desenvolver mais suas habilidades. A ideia com o futsal é começar desde cedo a desenvolver essa capacidade física das meninas para que elas tenham um bom controle do corpo, antes de entrar no jogo”, destaca o treinador.

Com o foco na formação de meninas, a escolinha iniciou com pensamento de obter resultado em longo prazo. Além da formação física e tática das atletas, a ideia é dar oportunidades para as meninas de jogar competições, viajar, conhecer novas pessoas e quem sabe, porque não, ser contratadas por clubes grandes e se tornar jogadoras profissionais. “É o pontapé inicial. A gente está vislumbrando um patamar mais competitivo no nível que o Flyboys está com o basquete daqui a três ou quatro anos”, revela o professor.

Ellwanger tem ciência que o trabalho com as meninas é um pouco mais demorado. “Com o futebol feminino ,o passo mais lento, principalmente pela cultura que se tem. Também pelas barreiras impostas na sociedade, pois ainda existe aquele pensamento de que minha filha não vai jogar bola, minha filha tem que ser advogada ou médica. Mas, hoje, eu vejo nelas o mesmo olhar dos meninos em querer jogar bola. Então, porque não? Quando mais cedo começar, melhor vai ser para elas no futuro”, afirma.

ESTEREÓTIPOS
Na visão do professor os estereótipos e os preconceitos ainda atrapalham a ascensão do futebol feminino no Brasil. “Usar calção, camiseta e treinar com a bola não é sinônimo de ser guri. Menina também pode e deve jogar futebol”, ressalta Ellwanger. Ainda segundo o treinador trabalhar com meninas é diferente, pois a elas têm muito o lado emocional e afetivo. “A menina quando fecha contigo e entende a tua ideia o comprometimento é muito maior do que os meninos”, comenta.

Sonhos agora possíveis

O sonho de se tornar uma jogadora de futebol renasceu para a pequena Giovana Gass Lawall. Ela que desde os três anos convive com a bola no pé não esconde a alegria e a vontade nos treinamentos. “Eu amo jogar bola e eu quero ser jogadora”, comenta a pequena de apenas oito anos – que foi uma das primeiras a chegar ao treino, 30 minutos antes do horário de início.

De tênis de futsal, meião, calção e camiseta do seu time do coração, o Internacional, Eduarda Gelsdorf Faber também chegou bem cedo ao treino. Logo que chegou a pequena de apenas nove anos já pediu a bola ao professor. Ela conta que adora jogar futebol. “Treino quase todos os dias em casa”, revela. Embora goste de futebol, ela ainda divide o desejo de ser jogadora e médica.

Para o treinador Ricardo Ellwanger as duas como qualquer outra menina têm chances de seguir carreira profissional no futebol. Basta acreditar e batalhar para isso, que mais cedo ou mais tarde as oportunidades podem aparecer, pois o futebol feminino vem em grande ascensão no Brasil. Quem sabe nesse projeto do Flyboys surjam novas Martas, Formigas, Christianes e Andressas, que irão traçar um futuro brilhante no esporte ou simplesmente ficarão marcadas como as meninas que mostraram que futebol também é coisa de mulher.

Giovana e Eduarda são atletas da escolinha e sonham em jogar o esporte

Como participar?
Qualquer menina entre sete e 15 anos pode participar da escolinha. Para manter os custos com material e ginásio será cobrada uma mensalidade de R$ 35. Os treinos para a categoria 12 a 15 acontecem nas segundas 15h às 16h no ginásio municipal Walter Filter e nos sábados das 9h às 10h30 no Colégio Medianeira. Já as meninas de sete até 10 anos treinam nos sábado das 10h30 até às 11h45 e nas terças das 17h30 até 19h no ginásio do Colégio Medianeira. Mais informações pelo telefone (51) 99997.1321.

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