A mulher sempre teve que vencer barreiras para conquistar seu lugar na sociedade. Mesmo que ela tenha, ao longo da história, adquirido muitos direitos, ainda há inúmeros caminhos a percorrer e batalhas a vencer. Neste Dia Internacional da Mulher, datado nesta sexta-feira (8), o JC quer destacar a força das mulheres, o que foi conquistado através de suas lutas e o que ainda é preciso encarar.
A própria data escolhida para se comemorar o Dia da Mulher partiu através de um movimento feminista, em 1857, por melhores condições de trabalho nos Estados Unidos. O movimento foi duramente reprimido por violência e ainda ocorreu um incêndio na fábrica que causou a morte de mais de 100 operárias que trabalhavam no local. Por conta disso, o 8 de março carrega, além da homenagem a essas guerreiras, um momento de reflexão.
A história revela a luta que as mulheres já enfrentaram desde muito tempo para conseguir direitos como, por exemplo, o de votar. No Brasil, essa conquista foi assegurada após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. A oportunidade de participar da escolha política do país ocorreu no ano de 1932 e é fruto de uma longa batalha, iniciada antes mesmo da Proclamação da República.
Para a professora de história e defensora da causa feminista, Samanta Doebber Madrid, 28 anos, apesar dos avanços adquiridos pelas mulheres ainda há muito a ser conquistado. “Salários, direitos e deveres iguais. Essas diferenças para homens e mulheres ainda estão muito presentes hoje em dia”, destaca. Segundo Samanta, a mulher precisa, antes de tudo, mais respeito. “Ela não pode ser julgada pela roupa que utiliza. A fala da mulher deve ser respeitada”, comenta.
Apesar da evolução em alguns temas, coisas mínimas ainda são discutidas e debatidas pela sociedade. “Quando uma mulher tem que pensar com que roupa ela vai ter que sair ou a maneira como ela deve agir para que não seja julgada ou até mesmo abusada e estuprada, é a sociedade que está doente. Não é a mulher que deve mudar”, ressalta a professora.
A fim de que esses mínimos direitos, ainda não pertencentes a elas sejam conquistados, Samanta acredita que o movimento feminista seja uma alternativa eficaz, através do empoderamento feminino. “A gente ainda é criada em uma sociedade machista e muitas mulheres acabam propagando aquilo que elas vivem. É preciso ter voz no mundo e se não se tem é necessário buscar essa voz”, destaca.
EMPODERAR
Muito se fala atualmente na questão do empoderamento, que nada mais é do que o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros, por exemplo. O papel da mulher é buscar igualdade de seus direitos e as próprias mulheres apoiarem as outras. Contudo, segundo Samanta, muitas mulheres ainda vem o feminismo como uma coisa ruim.
“As próprias mulheres não reconhecem essa luta. Elas não entendem que antes de termos tudo que temos hoje houve outras mulheres que sofreram, apanharam e até morreram. Foram julgadas por isso, mas mesmo assim não desistiram”, comenta Samanta. Ela acredita que o motivo por muitas mulheres não apoiarem os movimentos que visam garantir os direitos é a falta de informação.
Para Samanta, as mulheres precisam de mais apoio e valorização. “A gente precisa valorizar e apoiar mais as mulheres que nos rodeiam. As mulheres da nossa família, nossas amigas e colegas. Elas que fazem a diferença no nosso dia a dia e merecem ser admiradas”, ressalta. Ainda segundo a professora, são atribuídas as mulheres muitos afazeres para elas, como família, marido, filhos e ainda precisa vencer obstáculos e buscar seus direitos perante a sociedade.
“Quando uma menina aprende afazeres que vão lhe ajudar em sua vida, como lavar roupa, louça ou limpar a casa, para a sociedade ela está pronta pra casar. Mas é preciso mudar essa frase por uma que a incentive ir além, que faça grande diferença em sua vida, por exemplo, já pode ser independente e ter sua própria casa”, afirma.
Em sua visão, todos precisam ter responsabilidades e ajudar nos afazeres domésticos seja mulher, homem, menino ou menina. “Pequenas alterações, que partem da educação recebida em casa, farão toda a diferença na fase adulta. A mudança para um mundo melhor e mais igualitário começa por nossas crianças”.