Fumo: começa a colheita da safra 2018/2019

0
Foto: Arquivo/JC

Uma das principais culturas agrícolas da região entra em um momento decisivo. A colheita do tabaco referente à safra 2018/2019 está no início, com aproximadamente 2% do processo já concluído. No decorrer da próxima semana, a tendência é de intensificação da colheita. Devido ao excesso de frio ocorrido no início da semeadura, em meados de julho, e as constantes chuvas no período de evolução da planta, houve um atraso no cronograma. São necessários cerca de 100 dias para o desenvolvimento do tabaco.

O coordenador de mutualidade da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) na região Centro Serra, Carlos Loewe, afirma que o plantio está praticamente encerrado, salvo exceções em localidades da região alta como Arroio Lindo e Roncador. Ele destaca que a área deve ser semelhante a da safra anterior, em torno de 6.146 hectares. A média é de três hectares por produtor e 45 mil pés. Atualmente, o tabaco é fonte de sustento para 3.232 famílias no município.  Se não forem registradas chuvas frequentes nas próximas semanas, a colheita deve seguir o curso normal. Caso contrário, deve haver quebra na produção.

Morador de Palmital, interior de Candelária, o produtor rural Adalberto Streuger calcula que deverá colher 35 mil pés de tabaco nos dois hectares e meio de sua propriedade. Nesta temporada, ele preferiu adiar o plantio para o começo do mês em virtude das temperaturas amenas. “O fumo está se desenvolvendo de maneira satisfatória e esperamos que continue assim. Se Deus quiser, até a primeira quinzena faremos a colheita”, estima. Adalberto e a esposa, Geneci, trabalham com a fumicultura há mais de 30 anos e sustentaram os três filhos com a renda obtida na lavoura.

Sistema Mutualista

O Sistema Mutualista da Afubra é um seguro oferecido ao produtor que o socorre em casos de danos causados por eventos climáticos nas lavouras como granizo e vendaval, incêndios e desmoronamentos de estufas durante a cura do tabaco, bem como auxílio-funeral aos dependentes. Esses benefícios são concedidos mediante quitação das contribuições mensais.

Quem deseja se associar tem até o próximo dia 31 para efetuar a inscrição.  O fumicultor pode fazê-lo em qualquer loja da Afubra ou por intermédio do orientador a qual seu produto está integrado. Carlos destaca que o cadastro passa a ter validade somente uma semana depois, devido ao período de carência.

Loewe: êxodo rural coloca em risco o futuro da cultura tabagista. Foto: Marcel Lovato/JC

Ameaças à cultura do Tabaco

Uma das preocupações na região de Candelária é o êxodo rural, que cresce em ritmo acelerado. Segundo Carlos, hoje é um desafio convencer o jovem a permanecer na lavoura, pois uma grande parcela não deseja mais trabalhar de sol a sol e enfrentar eventuais situações adversas. Empresas da cidade oferecem condições mais atraentes para as novas gerações. “Entendemos que é complicado lidar com esse fenômeno. Porém, estamos pensando sob o ponto de vista da linha sucessória. Quem comandará as propriedades depois que os atuais donos partirem? “, questiona.

De 2006 para cá, a quantidade de brasileiros fumantes tem diminuído gradativamente. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde divulgados no fim do primeiro semestre, 10,1% da população adulta brasileira faz uso do tabaco. Há doze anos, o índice alcançava 15,7%. Uma redução de 36%. A tendência de queda é motivo de preocupação para os produtores. Outro fator de risco é a difusão do cigarro eletrônico, cujo os maiores fabricantes são os países asiáticos China e a Índia. Por outro lado, o plantio do tabaco na África está em alta e com a qualidade aperfeiçoada. Essa condição tem atraído muitos técnicos brasileiros para o continente.

Expectativa de boa safra se o clima colaborar. Foto: Matheus Haetinger/JC

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui