Mulheres que inspiram: Estela, a agente que supera preconceitos

Diretora do Presídio Estadual de Candelária fala de sua trajetória em uma área de predomínio masculino e com desafios diários

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Estela Beck Müller comanda o Presídio Estadual de Candelária como diretora desde maio de 2023 - Crédito: Tiago Garcia / JC

Diretor do Presídio Estadual de Candelária. Um cargo que já exige muitas dificuldades e responsabilidades para homens, mas que desde maio de 2023, cabe a uma mulher ser a responsável por comandar a rotina diária da instituição que abriga os detentos do regime fechado e semiaberto do município. Natural de Augusto Pestana, na região noroeste do Estado, Estela Beck Müller, 45 anos, atua na Susepe desde agosto de 2017. A diretora já atuou nos presídios de Lajeado, Arroio dos Ratos e Sobradinho. Como já residia em Candelária desde 2015 devido ao trabalho do marido, a agente penitenciária pediu transferência, e até janeiro de 2023 atuava como vice-diretora na unidade candelariense até assumir a direção.
Estela conta que antes de ingressar na Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) ela já atuava como assessora de juiz de direito. Questionada sobre o que motivou a ingressar na área penitenciária, ela destaca que foi a flexibilidade da escala de serviço para poder cuidar do filho que era recém-nascido à época.
Sobre o trabalho diário como diretora de uma unidade prisional, Estela relata ser um desafio diário. “Trabalhar em uma unidade prisional masculina, infelizmente, ainda enfrenta certo preconceito”, frisa a diretora, destacando que o trabalho é desafiador e normal ao mesmo tempo. “É como trabalhar em um ambiente feminino, mesmo havendo certo preconceito, mas quando a base do trabalho é o respeito e a ética, o serviço não se torna pesado”, conta.
Sobre o fato de as mulheres estarem conquistando cada vez mais espaço em lugares e posições que antes eram destinadas aos homens, mesmo diante de muitos obstáculos, principalmente relacionado ao preconceito, Estela frisa que a sociedade masculina precisa entender que as mulheres podem ser o que elas querem ser. “Apenas queremos trabalhar e demonstrar esse trabalho com competência. Não estamos “tirando” lugar de ninguém e muito menos competindo. Vejo que somos capazes e competentes para comandar qualquer setor”, destacou.
Com relação ao Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje (8), Estela deixa uma mensagem de otimismo e esperança para todas as mulheres. “Não desistam jamais dos seus sonhos e não acreditem em falácias de que não somos capazes de exercer qualquer função ou cargo. As mulheres podem e devem ser o que quiserem ser.”, finalizou a diretora do Presídio Estadual de Candelária.

Mulheres nos presídios gaúchos

Em um ambiente historicamente reservado aos homens, como é o caso em boa parte da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a situação não é diferente, principalmente para aquelas mulheres que atuam na linha de frente da Instituição. Hoje, por exemplo, de um total de 4.677 agentes penitenciários, apenas 1.309 são mulheres, número equivalente a 28% do total. (Fonte: Susepe)

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