
Dizem por aí, que ser avó é ser mãe duas vezes. Basta olharmos em volta para vermos os exemplos mais nítidos de quem zela, cuida e ampara as gerações mais novas.
A professora Rejane Maria Saueressig da Costa, 69 anos, é mãe de três filhos, Gabriele (47), Elias Ricardo (46), e Caroline (37) e também já se tornou avó. Há casos em que o amor de mãe nasce nas avós por outras circunstâncias, em alguns casos, elas assumem este papel integralmente e acabam estreitando ainda mais a relação com os netos. Rejane deixou de ser avó da Rafaela, 17 anos, e se tornou a mãe de sua neta há aproximadamente 15 anos, quando a menina tinha dois anos de idade e sua mãe precisou mudar de país.
Conforme Rejane, a identificação com a neta veio desde que ela era um bebê, tanto que sua primeira palavra foi “vovó”. “A Rafa já nos esperava com sua bolsinha para ir para minha casa e nunca queria voltar para a casa dela”, lembra emocionada.
De acordo com Rejane, apesar de toda a tranquilidade da neta, é um desafio. “São desafios bem intensos. A Rafa sempre foi uma criança muito querida, mas entrou em uma fase de adolescência que não poderíamos fugir. Ela é muito caseira e nunca me deu trabalho neste sentido”, comenta.
As maiores dificuldades são no amadurecimento, natural de todo ser humano. “Ela é nossa maior motivação. Não queremos perder nada, portanto, voltamos a ser jovens juntos com ela. Se não fosse a Rafaela, em casa nós seríamos dois velhos e ela está lá para nos acordar”, conta.
Em contato direto com os adolescentes através do Colégio Medianeira, onde é vice-diretora, Rejane acredita ser fácil de entender os problemas que se passam na cabeça dos jovens por causa deste contato. “É fácil entender os arroubos da juventude quando se está presente”, diz.
Ter uma adolescente em casa, em uma geração totalmente diferente de décadas atrás, requer adaptações. “Agora nós, pais, tratamos de uma forma. Quando tínhamos nossos filhos, éramos mais autoritários. A maior dificuldade, às vezes, é a incompreensão, tanto do lado dela quanto do nosso. Eu sou ansiosa, quero as coisas para ontem, então, batemos neste ponto, e na idade da Rafa, a vida ainda é muito fácil, não há necessidade de labutar”, analisa a avó.
Apesar dos desafios, para Rejane, ter a neta ao seu lado é a maior bênção de sua vida. “Eu me sinto abençoada por ter criado meus três filhos e ainda ter criado a Rafa, pois sem ela, seríamos eu e meu marido sozinhos em casa”, conta comovida.
A avó, que sempre foi muito apegada a neta, já imagina sobre como será quando ela for para a faculdade. “É assustador. Quando a Rafa voar, será um vazio imenso. Mas não quero ser um empecilho, do contrário, quero incentivá-la no voo”, declara.
Rejane se considera mãe de sua neta e sempre procura a melhor forma para criar a menina. A busca por aproximação é constante, sem imposição de leis ou princípios, dando oportunidades para que ela cresça e amadureça com harmonia, levando em consideração que os tempos são outros e o papel dos pais é acolher, conciliando com o amor. “Tento harmonizar, às vezes consigo, noutras não. A vida nos mostrará se deu certo quando ela voar”, finaliza.