Autismo. Um transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na comunicação, dificuldade de interação social e mudanças de comportamento. Em Candelária, conforme dados da Associação Mandala, o autismo está presente em 78 famílias que diariamente lutam com muito amor, carinho e atenção para que os filhos com autismo possam superar as dificuldades. Contudo, ainda existem muitas barreiras que precisam ser vencidas na busca pelo acolhimento de quem vive e convive diariamente com o espectro.
É o caso de Ivan Denias Lopes Machado, 40 anos, e da sua esposa, Odélia Schieferdecker Cortes, que acompanham diariamente o filho Davi, de seis anos, na luta para superar as dificuldades impostas pelo autismo. Ivan lembra que tudo começou após a sua mãe, Valmira (já falecida), observar que Davi, poderia ter traços de autismo com menos de um ano. “Minha mãe trabalhava com uma família que possuia um filho autista e nos falou sobre a semelhança com o Davi. Começamos a observar e percebemos que ele andava na ponta dos pés e tinha dificuldades para falar”. Os pais levaram o filho até um neuropediatra em Santa Cruz do Sul que na primeira consulta já diagnosticou o autismo. “O Davi poderia ter um grau severo, mas como descobrimos cedo, começamos as terapias e hoje ele está em um grau leve. É importante descobrir o diagnóstico cedo e não ficar naquele luto inicial. Quando mais rápido iniciar o tratamento, melhor para o desenvolvimento e a vida da criança”, destaca o pai.
ROTINA – Por ele ser uma criança que necessita de cuidados, Ivan conta que fica com o filho durante o dia para a esposa trabalhar e optou por empregos durante a noite, onde atua no Hotel dos Viajantes,como garçom no restaurante Kasarão aos finais de semana, além de ser instrutor e dar aulas de tênis e beach tennis. “Quando ele precisa, eu ou ela (mãe) estamos sempre junto com ele. Faço de tudo para que ele esteja sempre bem”, frisa o pai.
Nos momentos mais críticos, Ivan relata que Davi tem crises normais, mas como ele não fala, a maior dificuldade é descobrir o que o filho quer. “Temos que deduzir e vamos contornando dando um abraço e muito carinho e amor para ele ver que estamos ao lado dele, sendo um gesto muito importante. Tem momentos, quando ocorrem crises maiores, só fico ao lado tentando acalmar, conversar ou só dar um abraço para ele se sentir seguro”, salienta o pai sobre os momentos de dificuldade. Como pai, Ivan revela que viver a experiência ao lado do filho tem sido um aprendizado na sua vida. “Eu era uma pessoa mais explosiva e com o Davi eu aprendi muito, a ter calma, respirar e não ser agressivo. Eu mudei muito”, relata, destacando a sua alegria com as conquistas do filho. “A primeira vez que eu chamei ele e ele me olhou nos olhos, foi uma emoção. Agora ele vem dar um abraço, um beijo. Isso tudo são conquistas, momentos de infinita alegria nestes pequenos gestos”, destaca.
EVOLUÇÃO – Devido ao tratamento realizado de forma precoce, Davi hoje já apresenta grau leve. Atualmente o menino realiza consultas na fonoaudióloga, terapia ocupacional, anda a cavalo e em breve deverá participar da Equoterapia, sendo ações viabilizadas através da Associação Mandala Pró-Autismo, onde Ivan é vice-presidente, sendo um trabalho voluntário com o objetivo de ajudar as crianças com o transtorno autista. “Temos uma equipe que está nos ajudando e em menos de um ano conseguimos vários avanços. Só temos a agradecer a todos que estão nos ajudando, sendo importantes para todas as famílias que possuem filhos autistas”. Ivan reforça a importância de os pais ajudarem os filhos com muito amor e carinho. “É preciso ter um olhar diferente e atenção. Amem seus filhos e sejam felizes ao lado deles”, encerra o pai.
