Um apaixonado pela paleontologia. Aos 74 anos, o bancário aposentado Belarmino Stefanello tornou-se uma das principais referências da área em Candelária. Desde 2004, ele atua como voluntário ao lado de Carlos Nunes Rodrigues, curador do Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, no trabalho de pesquisa e descoberta de fósseis pré-históricos no município, parceria que elevou Candelária como uma das principais referências e com reconhecimento de âmbito internacional na paleontologia.
Natural de Estrela Velha, na região centro-serra, Belarmino lembra que começou a conhecer e se interessar pela paleontologia em 1964 em Santa Maria, cidade considerada o berço da paleontologia no Rio Grande do Sul. “Conheci o padre Daniel Cargnin, uma pessoa que realizava pesquisas em todos os sítios paleontológicos na região central e que localizou fósseis no interior de Candelária. Estudamos juntos no seminário da Diocese de Santa Maria e eu ia junto com ele nas pesquisas realizadas na região onde aprendi a conhecer o solo e como se encontrava e se coletava os fósseis”, relembra.
Stefanello deixou de seguir a carreira na área da teologia e começou a estudar a na Universidade Federal de Santa Maria, sendo indicado por Cargnin para continuar o trabalho de pesquisa na área. “O padre me conseguiu um trabalho no primeiro museu de paleontologia da universidade. Por dois anos segui fazendo pesquisas onde coletava fósseis e levava para o campus em Camobi. Só sai porque a instituição de ensino não tinha recursos para manter o trabalho”, lembra. O voluntário deixou a área e passou a trabalhar como bancário do Banrisul, onde atuou por seis anos na agência de Candelária. Em 1995, Belarmino se aposentou e escolheu Candelária para residir com a família e idealizar o sonho de criar um museu de paleontologia no município. “A minha ideia era aproveitar o meu tempo e montar o museu. Foi difícil no início por não encontrar apoio para desenvolver a iniciativa”, conta. Somente em meados dos anos 2000 que Belarmino conheceu Carlos Nunes Rodrigues quando ele atuava na secretaria de Turismo, Cultura e Esporte e ambos conversaram pela primeira vez sobre paleontologia e o museu. “Como convergíamos para o mesmo caminho, passamos a debater o assunto e formamos a parceria para que a ideia se transformasse em realidade”, lembra o voluntário.
Museu se tornou referência na área
O Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues foi criado em 1990 pelo Núcleo Cultural Terra Nostra e aprovado pelo executivo e legislativo através de lei municipal. O espaço entrou em funcionamento a partir de 2001 na gestão da secretária de Turismo, Cultura e Esporte, Suzana Couto da Silva através do trabalho de Carlos Nunes Rodrigues e Júnior Kellermann, que organizaram os primeiros materiais do acervo com peças sobre a história do município. Entre 2004 e 2005, Belarmino Stefanello passou a integrar a equipe do museu e a desenvolver as pesquisas na paleontologia. O Museu Municipal ganhou notoriedade com as primeiras descobertas de fósseis em Candelária, com o local sendo referência para pesquisadores de diferentes lugares do mundo especializados na área. “Fomos conversando com alguns amigos e fazendo amizades. Começamos a levar as universidades, inclusive pesquisadores estrangeiros e realizamos grandes trabalhos com a descoberta de fósseis novos em Candelária”, relata. O voluntário afirma que se sente feliz e que gosta do trabalho que desenvolve junto no museu e nas pesquisas. “Quando descobrimos um fóssil inédito, a sensação de descoberta é maior, sendo motivo de orgulho para todos nós. Só tenho a agradecer ao Carlos pela parceria e a todos que nos auxiliam no trabalho”, finalizou.
>> O Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues fica na rua Botucaraí, 630, e está aberto de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h. Maiores informações pelo telefone 3743-8171
