A estação das flores que inicia oficialmente na manhã desta terça-feira (22), terá influência do fenômeno La Niña. Então já é bom ir se acostumando com extremos nas temperaturas em um único dia e nos acumulados de chuva sobre o Rio Grande do Sul. O La Niña, que causa o resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, promete dar uma bagunçada no clima. Nos próximos meses, o fenômeno influenciará diretamente na formação de menos chuva na região Sul do Brasil ao provocar uma mudança na dinâmica dos ventos e, consequentemente, no transporte de umidade.
Segundo a meteorologista Cátia Valente, da Somar Meteorologia, o sinal estará amarelo para a estiagem no Estado por conta das chuvas abaixo da média. Pela atual conjuntura, explica Cátia, a Metade Sul e o Oeste gaúcho, por já estarem com menos chuva, deverão ser as regiões mais afetadas. “Não estamos trabalhando com a mesma estiagem que atingiu os gaúchos entre novembro de 2019 e abril de 2020, mas a expectativa não é favorável. As chuvas nesta próxima estação estarão mais espaçadas e com volumes abaixo da média em todo o Estado, podendo prejudicar a preparação para as culturas de verão”, alerta.
Apesar das chuvas mais espaçadas, as precipitações poderão ser mais intensas em períodos relativamente curtos. Além disso, a região Sul, deverá ter aumento na ocorrência de raios e de complexos convectivos, sistemas que provocam grande quantidade de chuva em períodos relativamente curtos.
O chefe do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPMET) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Leonardo Calvetti, destaca a amplitude térmica diária nas primeiras semanas da primavera. A região central do Estado, deverá sentir os efeitos da mudança rápida de temperatura em menos de oito horas, que causará o popular “efeito cebola” nas pessoas, começando a manhã com muitas roupas e ir tirando as peças ao longo do dia. O litoral gaúcho também sofrerá os efeitos do La Niña, com a ocorrência de mais ventos, por conta da formação de ciclones em alto mar, causados pelo aquecimento do Oceano Atlântico, que estará até 2°C acima da média.
PRÓXIMOS MESES
Os modelos da Climatempo indicam que para o mês de outubro, a expectativa para o Rio Grande do Sul já é de chuva ligeiramente abaixo da média, enquanto as temperaturas devem permanecer dentro do esperado para o período. O alerta fica para novembro, que é quando a condição de chuva tende a ficar mais crítica em todo o sul do Brasil. O baixo volume de chuvas para a região é uma das principais características do La Niña, levantando preocupação para o produtor. Os modelos da Climatempo apontam para números entre 100 e 200 milímetros a menos de chuva para toda a região. Para dezembro, as chuvas ainda continuam abaixo da média.
Embora o fenômeno não registre, normalmente, aumento de temperatura, uma sequência maior de dias sem chuva pode fazer com que os termômetros se elevem.
Fonte: Gaúcha ZH