A boa expectativa da prefeitura em relação à geração de emprego e renda nos primeiros meses do ano em Candelária foi por água abaixo. É o que demonstram os dados divulgados na última semana pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Conforme o estudo, 294 pessoas foram demitidas só no mês de abril no município num claro reflexo da crise provocada pelo novo coronavírus. Em 2020, o número de demissões já chega a 760.
Na comparação com 2019, o mês de abril teve um acréscimo de 114% no número de demissões, quando apenas 137 foram registradas no ano passado. Em todo o quadrimestre de 2019 houve 560 demissões, em 2020 as vagas extintas saltaram para 760. Estes são os piores dados referentes a geração de emprego do município desde 2007, início da divulgação dos dados do Caged.
NA REGIÃO
Os números divulgados pelo Caged são ainda mais notórios quando comparados com os 16 municípios da região do Vale do Rio Pardo. Nesta comparação, Candelária é a terceira cidade que mais registrou demissões no mês de abril, ficando atrás apenas de Venâncio Aires, com 770, e Santa Cruz do Sul, com 1.734.
Já em relação às contratações, os dados do Caged demonstram que o município é o quinto que mais gerou empregos no Vale do Rio Pardo em abril. Foram 45 admissões, ficando atrás de Rio Pardo (47), Vera Cruz (141), Venâncio Aires (1.093) e Santa Cruz do Sul (944). Em relação à mesma época em 2019, o número representa uma queda de 66% no total de empregos gerados na cidade, quando 135 pessoas foram contratadas.
Ainda, segundo o Caged, os números referentes ao primeiro quadrimestre de 2020 são bem preocupantes e ligam o sinal de alerta. Nos três primeiros meses do ano, houve uma crescente em Candelária quando houve 105 contratações a mais que demissões. Porém, a partir do final do mês de março até o término de abril, esse número despencou em mais de 200% e chegou ao saldo negativo de 125 empregos a menos no município.
O dado coloca Candelária com o segundo pior saldo entre a quantidade de admissões e demissões registradas no Vale do Rio Pardo neste período, ficando atrás apenas de Mato Leitão, que teve a extinção de 631 empregos devido a um incêndio que atingiu uma fábrica da Calçados Beira Rio no município.
RAZÃO
A explicação, segundo a secretária de Indústria e Comércio, Gabriela Butzge, está na crise gerada pela pandemia de coronavírus, que impôs o fechamento de estabelecimentos comerciais de diversos ramos em inúmeras cidades do Estado e também do país. Com as lojas não operando, as indústrias também tiveram que parar de produzir, o que gerou a crise e as demissões em massa. D
e acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial desabou 26,1% nos meses de março e abril, e atingiu o nível mais baixo já registrado no país. No Brasil, até o momento, foram extintos 860 mil empregos, pior resultado em 29 anos. O Rio Grande do Sul é o quarto que mais extinguiu empregos, foram 74,6 mil, destes, só das indústrias do ramo calçadista, um dos mais afetados pela crise, foram 8 mil empregos a menos.
Gabriela destaca, que as indústrias de calçados, assim como os ateliês de costura, são os principais responsáveis pelas 294 demissões registradas no município no mês de abril. “As empresas continuam produzindo, mas não conseguem vender e isso têm afetado a mão de obra”, comentou. O Caged ainda não disponibilizou os números por setores da indústria, o que não possibilitou uma comparação maior dos números.
Confira alguns dados gerais divulgados pelo Caged quanto aos
números de empregos e renda em Candelária:
Mês de abril:
>> Candelária – 45 admissões contra 294 demissões – Saldo: -259 vagas
>> 3º município que mais demitiu e o 5º que mais contratou na região;
>> Aumento de 114% nas demissões em relação à abril de 2019;
>> Queda de 66% em contratações comparado com abril de 2019;
Em 2020:
>> 635 admissões e 760 demissões
>> 3º município da região que mais demitiu em 2020
>> 2º pior saldo entre admissões e demissões, com 125 empregos a menos, atrás apenas de Mato Leitão, com 631
>> 35% demissões a mais que o registrado em 2019 no mesmo período;
>> Piores números desde 2007, início da divulgação do Caged.