DIA DO TRABALHO: Elas estão na linha de frente do combate à covid-19

Técnica de enfermagem e enfermeira são as responsáveis pela triagem dos pacientes que chegam ao Centro de Atendimento

0
Valquíria e Indiara: dupla que está na linha de frente no combate ao vírus. Foto: Heloisa Corrêa/JC

Vestidas com macacões especiais, toucas, luvas e máscaras, os olhos da técnica de enfermagem Valquíria Beatriz Lopes Hunger, e da enfermeira Indiara Foljarini de Freitas, são uma das primeiras imagens que os pacientes que procuram o Centro de Atendimento a Pessoas com Sintomas Respiratórios enxergam ao chegar lá. No antigo prédio do Colégio Concórdia Ulbra, elas são responsáveis pela triagem dos doentes e encaminhamento ao procedimento mais adequado. Em outras palavras, elas são as primeiras combatentes, as que estão na linha de frente no enfrentamento ao coronavírus.

Os olhos à mostra para além dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) mostram carinho, empatia e determinação, com foco nessa situação que as coloca em estado vulnerável, assim como suas famílias. Apesar do risco, não medem esforços para bem atender e cumprir com a responsabilidade que é característica dos profissionais da saúde. Aos 35 anos, Valquíria tem passado mais tempo no Centro de Atendimento, onde trabalha das 7h às 19h, do que em casa. Quando retorna ao lar, a filha mais velha é categórica: “tem que trocar de roupa e tomar banho”. Essas tarefas fazem parte da nova rotina adotada pela família, que prioriza a prevenção ao vírus.

O cuidado, que pode parecer excessivo, é para que Valquíria não seja contaminada e, consequentemente, não contamine as duas filhas e o marido. Além disso, ela tem consciência da importância da integridade de sua saúde, para cumprir o trabalho como técnica de enfermagem. “Me sinto privilegiada em colaborar diretamente com o combate ao coronavírus, mas sei que estou me arriscando e arriscando minha família”, disse. Felizmente, ela está conseguindo administrar a situação, utilizando, principalmente, a experiência adquirida nos últimos cinco anos, nos quais ela exerceu a profissão que ama.

DESAFIOS
Antes da pandemia de coronavírus, Valquíria estava alocada na sala de vacinas do Pam Central. Quando foi organizado o Centro de Atendimento a Pessoas com Sintomas Respiratórios, a secretaria de Saúde a convidou para integrar a equipe. “Pensei bastante, principalmente por causa da minha família, mas aceitei a missão, porque entendo que é um momento único e fazer parte disso é muito importante. É um acontecimento que eu acredito que até minhas filhas vão contar sobre ele no futuro”, relatou.

Um dos maiores desafios do trabalho na triagem do Centro de Atendimento, para Valquíria, é o fato de atender pacientes doentes, com possibilidade de diagnóstico para coronavírus, com tranquilidade, responsabilidade e afeto. “Nós só sabemos que aquela pessoa que examinamos, mantivemos contato direto, está infectada muitos dias depois. Ninguém vem aqui com uma placa na testa dizendo se está contaminada ou não”, desabafou.

Coronavírus será um marco para trabalhadores da saúde

A enfermeira Indiara Foljarini de Freitas trabalha há 25 anos na área de saúde. No início da carreira, foi auxiliar de enfermagem; depois, se tornou técnica. Aos 43 anos, se orgulha de ter dedicado toda a vida profissional ao mesmo propósito. O primeiro local onde trabalhou foi o Hospital Santa Cruz (HSC). Quando casou, veio morar na Terra do Botucaraí e ingressou na equipe do Hospital Candelária. Por lá, exerceu a função durante 18 anos.

Atualmente, trabalha na formação de técnicos de enfermagem, na Faculdade Dom Alberto.
Especialista em Gerenciamento e Auditoria em Enfermagem; Urgência e Emergência; e Docência no Ensino Superior, Indiara garante que nunca presenciou uma realidade semelhante à construída para o enfrentamento da pandemia de coronavírus. “É muito diferente. Antes, trabalhávamos com doenças já conhecidas, com protocolos e rotinas específicas. Agora, os protocolos são dinâmicos, estamos em constante aprendizado”, ponderou.

A névoa de incertezas deixa os profissionais da saúde apreensivos. É por isso que Indiara acredita que a pandemia será um marco para as pessoas envolvidas no combate ao coronavírus. “Ficamos ainda mais criteriosos. Eu já tinha atuado na epidemia de H1N1, mas nem se compara. Naquela época tínhamos domínio da situação”, relembrou. E é baseada nessas experiências que ela percebe o quão fundamental é o papel da enfermagem no sistema. “Muitas vezes passamos despercebidos e não somos valorizados, mas se não houver enfermagem, não há saúde”, afirmou.

E depois da pandemia, como vai ser?

A pergunta que a população do mundo todo está se fazendo também martela na cabeça da técnica em enfermagem Valquíria Beatriz Lopes Hunger e da enfermeira Indiara Foljarini de Freitas. “A gente pensa nisso a todo momento, mas estamos precisando manter o foco no agora, porque tudo é muito novo, estamos aprendendo e nos aperfeiçoando todos os dias”, revelou Valquíria.

Já Indiara acredita que o mundo vai mudar. Ao ter comportamentos restritos, a sociedade está aprendendo a valorizar as pessoas que estão ao lado delas e, também, aquelas que estão se arriscando para que a maioria fique bem. “Acredito que vamos sair dessa com o objetivo de colocar mais qualidade nas relações, demonstrando mais amor, mais cuidado”, apostou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui