Foi só o primeiro caso de coronavírus (Covid-19) ser confirmado no Brasil para que um sentimento coletivo de pavor e receio de contaminação pela nova doença tomasse conta dos brasileiros. Em Candelária não é diferente, pois se notou um crescimento na procura de produtos que podem servir como proteção à contaminação do vírus, como álcool gel e máscaras cirúrgicas, que já estão em falta em alguns estabelecimentos.
Nesta semana, a reportagem do JC foi verificar como está a procura em farmácias. Dos 14 estabelecimentos pesquisados, oito já estavam com falta de álcool gel em seus estoques. Outros três estabelecimentos possuíam poucas unidades do produto de higiene, as demais ainda continham o produto em boa quantidade. Mesma situação para as máscaras, que embora em menor procura pela população, também já não podem ser encontradas em pelo menos quatro farmácias candelarienses.
A preocupação, sem dúvida, aumentou nos últimos dias, principalmente em razão dos casos suspeitos que estão surgindo na região central do Estado, como em Santa Maria (um caso), e em Santa Cruz do Sul (três casos). No Rio Grande do Sul, o número chega a 104 casos suspeitos em um total de 636 em todo o país.
De acordo com a proprietária da Farmácias Associadas de Candelária, Fabiana Gründling, a procura mais significativa ocorreu após o primeiro caso suspeito na região ser registrado, no último dia 28. “Desde a primeira suspeita em Santa Cruz do Sul, a procura cresceu bastante, principalmente de álcool gel. Já esgotamos o estoque, renovamos, e ele já está perto de acabar novamente”, destaca.
REPOSIÇÃO
Com a boa procura da população, as indústrias que fabricam e distribuem máscaras e álcool gel tem tido dificuldade em repor os estoques das farmácias. Segundo Fabiana, há uma dificuldade em repor o que já foi vendido, principalmente máscaras, que não são mais encontradas nas empresas fornecedoras.
Caso também da farmácia São João. Conforme o gestor farmacêutico da farmácia, Paulo Roberto Alves, com a procura repentina do produto, todo o estoque de máscaras e álcool gel foi esgotado em menos de dois dias. “Foi tudo muito rápido, as pessoas ficaram apreensivas com as suspeitas na região e correram para as farmácias para se prevenirem. Agora estamos buscando nas distribuidoras a reposição das mercadorias, mas até o momento, não temos prazo para que haja uma normalização”, ressalta o gestor.
Uma alternativa para as pessoas tem sido ir em busca das farmácias de manipulação que produzem produtos como o álcool gel. Na Farmácia Farmabel, que trabalha com este tipo de produção, a procura se acentuou durante os últimos dias. “Tivemos uma alta parecida quando houve o surto do vírus H1N1, depois a procura estagnou um pouco, mas nos últimos dias, várias pessoas têm procurado, o que fez a nossa produção aumentar e, consequentemente, esgotar nossos produtos em estoque”, comenta a farmacêutica do estabelecimento, Ana Paula Jacobi.
“Preocupados sim, mas não é preciso ter pânico”
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica do SUS no município, Melissa Caren Rathke, explica que não é preciso entrar em pânico, mas é necessário que o cuidado aumente, principalmente em relação à higiene pessoal. “Já tivemos uma pandemia deste tipo em 2009, com a H1N1, mas muitas vezes as pessoas se excedem, pois há muita desinformação. Sabemos que é um vírus novo, mas que tem agido de maneira leve, por isso é preciso ter cuidados básicos, como lavar bem as mãos sempre que encostarmos em objetos triviais, como celulares e maçanetas, evitar aglomerações, e se a pessoa estiver com algum sintoma, evitar sair de casa ou viajar para outros locais”, destaca.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
Segundo Melissa, o município já tem um plano de contingência e sabe como agir em casos de suspeita da nova doença. No plano constam orientações gerais de como identificar um caso suspeito, sintomas que podem gerar suspeita, recomendações em caso de dúvida, ações a serem tomadas, entre outros.
Conforme a coordenadora, o município está preparado em caso de suspeita. “Nós já estamos cientes e saberemos como agir caso exista alguma suspeita em Candelária. É um vírus que se espalha pelo ar e difícil de ser controlado. Ele eventualmente chegará, mas quando chegar, estaremos preparados para atender a todos”, expõe.
COMO IDENTIFICAR CASOS SUSPEITOS:
>> Há três situações para que possa haver suspeita do novo coronavírus:
1)Febre + sintoma respiratório + histórico de viagem para área contaminada
2) Febre + sint. respiratório + contato caso suspeito;
3)Febre + sint. respiratório + contato caso confirmado.
SAIBA MAIS:
Nesta semana, o JC entrou em contato com 14 farmácias que fazem a comercialização de produtos como as máscaras cirúrugicas e também de álcool em gel. Confira:
>> Farmácias onde álcool gel acabou desde o dia 28, dia do primeiro registro de casos suspeitos em Santa Cruz do Sul:
Farmácias São João A e B, Associadas, Preço Popular, Farmabel, Agafarma, Sanar e Farmácia Saúde.
>> Farmácias com estoque de máscaras esgotado ou que não trabalham com o produto:
São João, Associadas, Sanar, Saúde, Preço Popular, Viva Farmácias
>> Farmácias onde ainda é possível encontrar álcool gel:
Sanar (chegou nessa quinta (5)), Associadas (repôs o estoque), Vide Bula, Confiança, Preço Popular, Farmabel (álcool manipulado, é possível encontrar no estabelecimento ou fazer encomendas), Drogacentro, Farmácia do Glênio, Viva Farmácias, Nosso Lar, Agafarma e Saúde.
>> Farmácias com dificuldade de reposição de estoque dos dois produtos:
São João, Associadas, Confiança, Drogacentro, Nosso Lar, Agafarma, Sanar, Saúde.
OBS: Informações colhidas no início da semana e sujeitas a alterações devido à possível chegada dos produtos procurados.
