
Com dois anos de atuação no município, a Mandala Associação Pró-Autismo já conquistou o reconhecimento e a confiança da comunidade candelariense. Isso fica comprovado com o envolvimento da população nas promoções realizadas pela entidade, cujo objetivo é angariar fundos para manter as terapias e auxílios oferecidos às crianças autistas atendidas pelo grupo. Neste início de ano, boas notícias estão renovando os ânimos dos membros da Mandala, que vai continuar esperando a colaboração de todos para garantir o sucesso dos projetos.
Um deles diz respeito a atendimentos com fonoaudióloga. Após a aprovação de uma proposta encaminhada ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), foram liberados R$ 10 mil em recursos provenientes de doações de parcela do Imposto de Renda. O tributo foi pago por pessoas físicas e jurídicas à União, destinando um percentual a causas sociais. Porém, conforme contrato formalizado com base na legislação vigente, a entidade beneficiada deve oferecer uma contrapartida em relação à verba. “Ficou decidido, então, que o recurso do CMDCA paga metade dos atendimentos e a Mandala arca com o restante”, explicou a presidente da associação, Mariele Gomes Gross.
Para tanto, os membros da entidade vão realizar ações mensais, para arrecadação dos recursos necessários para os atendimentos com a fonoaudióloga Eduarda Pazini, que recebe as crianças na clínica PróVida, semanalmente. No total, são 10 pacientes atendidos, selecionados a partir de inscrição. Mariele relatou que já foram comercializadas saladas de frutas e novas promoções e parcerias estão sendo alinhavadas, como um galeto apoiado pelo Rotary Club. “É por isso que reforçamos a nossa necessidade de ter a colaboração de toda a comunidade”, destacou.
Prefeitura cedeu terreno para construção de sede própria
Para a presidente da Mandala Associação Pró-Autismo, Mariele Gomes Gross, a entidade é o resultado de um trabalho em equipe, que reúne comunidade, membros do grupo e poder público. No apagar das luzes do ano passado, a Prefeitura de Candelária deixou ainda mais clara a preocupação com a causa, ao ceder um terreno para que seja construída uma sede própria para a Mandala. A ideia é ter um espaço onde as famílias possam se reunir e, principalmente, oferecer todas as terapias em um só lugar. O terreno fica nas proximidades do novo Fórum.
Segundo Mariele, a Mandala se tornou uma referência para pais que estão investigando a possibilidade de autismo nos filhos. “A cada semana, mais famílias nos procuram. É por isso que todas as conquistas são muito importantes”, disse. Desde o início, o foco é oferecer, de maneira acessível, as terapias necessárias para o pleno desenvolvimento das crianças autistas. “O ideal é que tivéssemos uma sede, com tratamentos gratuitos e tudo, mas ainda não dá. Vamos aos poucos”, ponderou.
Atendimento fonoaudiológico desenvolve a comunicação
Crianças autistas precisam de atendimento multiprofissional, para que haja desenvolvimento integral, potencializando as habilidades de cada um. Entre os profissionais indispensáveis a esse trabalho está o fonoaudiólogo, já que a maioria das pessoas com Transtorno do Espectro Autista tem déficit de fala ou não se comunicam oralmente. Atualmente, é a fonoaudióloga Eduarda Pazini, que atende na PróVida, a responsável por trabalhar comunicação e linguagem com as 10 crianças inscritas na iniciativa.
Eduarda explica que é natural a conversação por meio de sinais, apontamento, afeto, toque, imagens. “O meu papel é perceber qual a melhor forma de comunicação alternativa, caso o paciente não fale, e potencializar o jeito dele de se comunicar. Existem inúmeras formas de comunicação”, explicou. Para que tudo dê certo, ela conta com o apoio dos pais, que estimulam as crianças mesmo fora do atendimento.
Até os 3 anos, a fonoaudióloga convida a família a participar da terapia, devido ao vínculo afetivo, que dá mais segurança às crianças. Já os maiores, não há tanta necessidade, pois costumam se soltar mais. “Além disso, a ideia é que eles possam reproduzir em casa o que vemos funcionar aqui no consultório”, disse. Uma das técnicas mais utilizadas por Eduarda – e mais curtida pelas crianças – é a musicalização.
Com uma melodia de fundo, ela faz com que a criança preste atenção ao que é dito, desacelerando o processamento da informação. “Os autistas têm um processamento auditivo muito mais rápido que os demais. É por isso que recomendo falar com eles de maneira melodiosa, bem articulada, para que eles desacelerem”, esclareceu.
Saiba mais
>> Ainda no ano passado, após ações apoiadas por empresas e pela comunidade, foi dado início aos atendimentos de terapia ocupacional, coordenados pela profissional Giulia Fogliarini Rodrigues. Nesse serviço, a Mandala é responsável pelo pagamento de metade do valor da sessão e as famílias custeiam o restante. No total, são 10 crianças atendidas.
>> Além dela, a entidade subsidia atendimentos de psicopedagoga, psicólogo e neuropediatra.