O futebol sempre foi um esporte predominado por homens. As mulheres não tinham seu espaço respeitado e eram tratadas como ignorantes quando o assunto era o esporte mais popular do país. Porém, nos últimos tempos, uma onda de empoderamento e de luta pela igualdade perante aos homens, tem feito com que o público feminino seja cada vez mais representado e mostra que, sim, o futebol também é lugar de mulheres.
Seja no estádio, torcendo pelo seu time, seja nas redes sociais, ou até dentro do campo, o futebol entre o público feminino tem ganhado as praças, as quadras, e principalmente, dado liberdade às mulheres para mostrar todo o amor pelo time do coração e fazer o que bem entender pela paixão ao esporte. Uma candelariense faz parte desta mudança.
Ela não joga, mas faz parte do jogo e auxilia o seu time do coração, o Internacional de Porto Alegre, nas partidas em sua casa, no Estádio Beira-rio, durante o Campeonato Gaúcho de Futebol. Trata-se da professora de dança, Andissa Machado, que após três anos, quando fez uma pausa para ganhar o seu filho, voltou a atuar como gandula do Inter em uma partida oficial do clube, no Gre-Nal do último sábado (15).
Ela foi uma das 12 convocadas pelo clube colorado para participar do jogo que valia vaga para a final do primeiro turno do Gauchão. “Foi maravilhoso voltar para a beira do gramado. As pernas tremiam, o coração acelerou, é uma sensação especial”, destacou a candelariense.
Tudo começou em 2016, quando ela viu uma notícia de que a Federação Gaúcha de Futebol estava propondo uma mudança na organização das partidas, colocando apenas gandulas mulheres a atuarem nos jogos do Campeonato Gaúcho do ano em questão. A instrutora de dança viu a notícia e resolveu mandar uma mensagem para o Internacional, que respondeu positivamente ao interesse. “É um aprendizado de que nunca se pode desistir de um sonho e foi o que aconteceu. Eu vi a oportunidade e quis ser gandula, corri atrás, e consegui”, ressaltou.
Fanática pelo Inter, Andissa conta que a experiência de ser gandula e estar perto dos jogadores do time do coração, proporciona uma emoção diferente, e ainda, ter a oportunidade de trabalhar em um clássico, faz com que a experiência seja ainda mais valiosa. “Desde pequena ia aos jogos junto do meu pai, então é a realização de um sonho para quem é apaixonada pelo futebol, pelo Inter, é o momento de eu viver o jogo, ainda mais em um clássico, que tudo é diferente, é uma emoção a parte que fez eu nem dormir durante a noite anterior”, comentou.
RESPONSABILIDADE
Segundo a candelariense, a função de gandula é de muita responsabilidade dentro do jogo. São passadas instruções antes do jogo e até árbitros realizam palestras antes das partidas para que nada atrapalhe o andamento do jogo, nem favoreça o time da casa, inclusive, mesmo defendendo as cores do time da casa, não podem exibir qualquer tipo de reação favorável em momento de gol ou lance que ocorrer durante a partida. “Apesar de tudo isso, é inexplicável a nossa participação, jogamos juntos, a torcida nos empurra junto do time, por isso é uma honra ser gandula e representar todas as mulheres em campo, no estádio, e em cada vez mais espaços, pois o lugar da mulher é onde ela quiser estar”, ressaltou Andissa.